Um dia, ouvi um sábio dizer que não valia a pena sofrer por
amor, e que de tudo que aprendera em sua breve vida, esta era a única lição que
tinha valido a pena.
Eu sofro por amor desde que era criança e mandava cartinhas
(sim, pelo correio) para um menino da minha sala, que “namorava” mais duas, uma
vez cheguei a me casar de mentirinha com outro menino de quem eu gostava quando
já era um pouquinho maior. O sofrimento ficou um pouco maior quando eu beijei
na boca a primeira vez, e eu sofri dois anos por um, e mais do que isso por
outro. Até que eu perdi a virgindade (oh! Ela não é virgem), e aí o sofrimento
mais que duplicou. Mas, eu só sofri de VERDADE, quando eu namorei a primeira
vez, e assim, descobri o que era amor (A-M-O-R).
Até que, DO NADA, eu parei de sofrer. Não porque não sinto,
ou porque não quero, ou porque não gostava o suficiente, mas sim, porque eu sei
que passa. E de tudo que aprendi, em minha, até então, breve vida (vinte - e
quase um - anos), essa é a minha lição. Têm pessoas que evitam relacionamentos,
com medo de sofrer... Já eu, esbanjo relacionamentos porque sei que não vai ser
o ultimo, e não vou morrer por causa disso (dele), pelo menos nunca morri.
Um amigo me disse algo (então bêbado, talvez ele nem se
lembre) que me fez racionalizar a respeito. Somos induzidos (para não dizer
manipulados) a acreditar naquela história de metade da laranja, tampa da
panela, etc, etc, etc... Mas quem é que escreveu assim? Eu, que sempre fui
dessas de ir contra paradigmas pré-estipulados pela sociedade, mais uma vez me
vi diante de uma “verdade” questionável.
De antemão, devo te dizer, te amei e te amarei se (e somente
se) estiver bom para mim, me fizer bem para alma, corpo e mente. Enquanto for
saudável e sustentável. Onde começa o sofrimento, acaba o amor. E talvez, vez
ou outra eu tente salvar tal amor, por acreditar que valha a pena, ou eu deixe
você ir, ainda te amando por saber que não vale. Quem diz que se ama com o
coração mente, ama-se com o cérebro, é este que sente, o coração apenas bombeia
sangue um pouco mais rápido porque o cérebro manda.
A gente vive inúmeras vidas dentro da nossa própria. São
histórias, erros e acertos, nos quais você pode permanecer ou abandonar. Mas
pense comigo, meu bom leitor, vale a pena viver uma história, sozinho? Vale. Se
você for feliz assim. Vale a pena viajar o mundo sozinho (conhecendo pessoas),
vale não ter que depender ou dar satisfação, vale pensar em si mesmo, vale
criar seu filho da maneira, como você julga certo. Vale gastar o seu dinheiro
com você e ter que conviver apenas com as suas dívidas, e dúvidas e confusões.
E vale por você não ter que fazer ninguém conviver com as suas também.
Um dia, se você encontrar uma pessoa, que conviva bem com
seus problemas, que partilhe dos seus sonhos e ambições, que queria viver a
vida da mesma maneira que você sempre quis viver a sua, que queria conhecer os
meus lugares, que contrata a mesma operadora de celular, que tenha os mesmos
vícios que você, e que não precise mudar ou ser mudado, aí então... Eu não sei
o que você deve fazer, provavelmente eu não deixaria tamanha perfeição escapar,
mas não acredito nessa de par perfeito. Arrisque, quando acabar, saiba que
acabou e vá embora. Simples, rápido, fácil e muito menos doloroso.
Marcela Lopes