Apesar de alguns textos conterem relatos reais, em geral eles não têm nenhum compromisso com a verdade. São crônicas, diálogos, contos, desabafos que, verídicos ou não, se transformam em uma biografia online e em capítulos desta que vos escreve, Marcela Lopes.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Matriz
sábado, 12 de dezembro de 2015
Cofre
Queria tanto contar. Não sei porque confiam em mim. Eu não aguento segredos. Eu não suporto esses falsos sorrisos. Eu sou boa. Eu sempre achei que era má. Mas eu sou boa. Como eu queria... revelar... tudo... tudo que todos me contaram sobre si mesmos, sobre cada um de vocês. Mas vocês se escondem. E sobra pra mim segurar. E se eu contar, e se todos se odiarem e se todos se gostarem um pouco que seja a menos. A culpa vai ser minha. Não porque eu queira, não porque eu a tomaria para mim, mas porque vocês não se assumem. As culpas, as vergonhas, os erros, as pessoas, as humanidades. Vocês jogam para mim. E sou eu quem faz infriga, eu quem quer discórdia. Eu só não quero saber. Eu não quero saber se você bebeu demais e beijou a ex do seu amigo, eu não quero saber se você está transando com seu ex e com o atual, eu não quero que você me beije enquanto quem eu quero está no banheiro, eu não quero saber se você está beijando mulheres ou fazendo menages por ai. Mas eles querem. Na verdade não querem. Ninguém quer saber. Eles querem não saber. Vocês não querem saber. Vocês não querem saber nem do que vocês próprios fizeram. Fingem não se lembrar e põem a culpa na vodka. A culpa não é da vodka, é da vergonha. Ou da falta dela.
Marcela Lopes