Fazem horas que eu estou sentada aqui, olhando para essa janela aberta sem saber, sem achar as palavras certas para o que eu quero falar.
Tentei te ligar, algo me impediu. Minhas amigas já não vêem você como o mesmo de antes, não concordam com o que eu estou pensando em fazer. Mas nem isso me impediu, o que me impediu mesmo foi a área, a bateria, ou algo que fez com que a chamada caísse na caixa de mensagens. Logo que isso aconteceu, a minha situação ficou pior. O que você estaria fazendo, ou, o que teria feito para que seu celular me desse uma mensagem tão desoladora? Gastei toda a coragem que tinha, apertando um simples botão de chamar e agora não me restava para te mandar um depoimento, uma mensagem, arrumar um jeito de você me ouvir. Orkut, MSN, internet, tudo é tão mais fácil do que falar cara-a-cara, pessoalmente, ou até mesmo por uma ligação. Ver a sua reação as vezes é pior do que não ter a certeza do que se passa, mas dessa vez, arrumei coragem e resolvi ligar. Para que você não fuja, não minta, não tenha como me enganar, como você fez tantas vezes. Grande passo, para alguém como eu, de natureza impulsiva, leonina do mês de agosto, o signo do fogo sempre me fez ser apressada, falar o que não sem pensar, dizer o que não devia. Mas não tive medo, eu quis falar o infalável, eu quis dizer tudo, pelo menos uma vez. Sem ter que ser cortada, sem pausar meu raciocínio, e ter que recomeçar, para ser interrompida novamente. As vezes o barulho do trem de ferro passando perto de você, outras vezes amigos roubando o pouco tempo que você tem pra mim. Mas sempre sobra você, sabendo só a metade das coisas, e eu só com a metade das verdades ditas.
Peguei o celular novamente, dessa vez liguei para um amigo seu, simplesmente para saber se você estava bem. Mesmo que ele não estivesse com você, mesmo que nem tocássemos no seu assunto, se algo estivesse acontecendo, ele me contaria, ou ainda melhor, se tivesse o contado da nossa briga, ele me consolaria. Mas pela segunda vez, a situação não me ajudou a esquecer, a acalmar a dor que sinto em meu peito. O telefone tocou, uma, duas, três vezes e nada, ele não atendeu. Ele já fez isso, poucas vezes, fez porque você estava perto e não queria me entregar. Porque ele teria feito isso dessa vez? Estariam todos com raiva de mim? Conclusão óbvia, tirada precipitadamente, porque um amigo que temos em comum, não fez muita questão de mim quando conversamos mais cedo no MSN. O que estaria acontecendo? Será que nossa briga era mesmo séria? Logo nós que superamos tantas coisas, que passamos por cima de diferenças, preconceitos, inimigos e do tesão que sentíamos um pelo outro, para sermos simplesmente amigos, para continuarmos com nossa convivência normalmente. Logo você que nunca me abandonou, nem mesmo por outra garota, iria me abandonar agora, por causa de um garoto? Eu não te abandonaria, eu não te trocaria por ninguém.
Eu sei, Lindo, a culpa é minha, eu briguei, eu não tive paciência, eu não te esperei, não aguentei a solidão o suficiente para você ver que eu estava esperando. Sentada, parada, sozinha, eu estive durante pouco tempo. Apressada, desesperada, eu procurei outra pessoa para cuidar e mim. Tola, logo eu que sempre escolhi tão pouco, me arrisquei tanto, eu já deveria saber que nem um outro é você. Boba, criei um problema a mais, para os muitos que já nos apavoravam. A distância, o medo, a desconfiança, e agora o pior, alguém, no meio, na nossa história. É, você seria a história da minha vida, eu não percebi, nós não percebemos.
Agora esquisito, eu não te sinto longe, eu ainda te sinto meu, e eu ainda sou sua. Me livrei dos entre-meios, desfiz os nós que eu tinha dado no caminho, mas você já não está lá. Eu o afastei de mim, e sou eu quem tenho que te trazer de volta. E eu fui, com o rabo entre as pernas, passando por cima das minhas amizades, que me querem tão bem, para ter meu amigo de volta. Meu melhor, o que eu mais preciso, o que eu me apoio, o que eu olho e me encontro, me espelho, me enxergo em você. Eu quero ser como você, admito. Você ainda não me ensinou tudo o que tem para me ensinar. Eu quero ter a sua experiência, a sua determinação, a sua simpatia. E mais quero ser sua de novo, não quero te tirar de mim, não quero ter que conversar as coisas, os meus medos, os meus problemas, as minhas alegrias, com alguém que não seja você. Eu quero minha metade, e quero ser sua metade, seu complemento, sua paz, porque é isso que você é pra mim. Meu porto seguro, meu descanso, minha droga, que me tira do mundo, que me faz esquecer as dificuldades. Mas com uma vantagem, Amigo, sempre me ajudando, sempre me apoiando, até eu não precisar mais esquece-las, porque elas simplesmente já não existem. Você não existe. Deus te fez para me mostrar que eu posso continuar, porque tenho alguém para me guiar.
E agora cadê? Eu quero me desculpar, quero esquecer que um dia tivemos nossa primeira discussão, quero esquecer que já tivemos um fim, e fazer de cada dia um novo começo, uma nova etapa, um próximo nível a ser alcançado em nós, uma nova profundidade, cada dia mais confiança, cada dia mais amizade.
Eu te disse que seria um começo, e mesmo você querendo me provar que tudo não passa de um fim, eu vou te mostrar. Eu vou te fazer o mais amado, o mais confiante em si mesmo. Você, com todos os defeitos de um garoto de 18 anos, vai ser meu objetivo, o a minha tarefa, te fazer sorrir é o premio, e eu vou levar ele pra casa.
Vou pegar você, me explicar, você vai me entender, como você sempre fez tão bem, não vou falar sobre o que coloquei em nosso caminho, e sim, no porque se eu te-lo tirado. Não por você, nem por nós, mas por mim, para dormir com a consciência tranquila de que eu, perdi um amor, mas ainda o tenho do meu lado, me apoiando, me fazendo esquecer, me mostrando o caminho, me fazendo ver o certo.
Não brigue mais comigo, eu não brigarei. Não me trate mal, eu nunca te tratei. Mas continue, com as brincadeiras, com os carinhos, com as histórias. Quero mais risos, mais frases feitas, mais cigarros, mais "boa noites", mais "boa tardes", mais abraços dados de surpresa, mais flagras de você fazendo algo que eu não queria, só pra depois te fazer pedir perdão, com sua voz mansa e ao mesmo tempo com um excesso de sarcasmo que a deixa irresistível. Quero mais festas, mais shows malucos, com chuva, quero você na chuva, sem frio, com o calor explícito nos teus olhos, quero mais seus amigos, sua turma, sua farra, sua irresponsabilidade com o que pode te atingir, mas com a preocupação de que aquilo não me atinja. Quero você como antes, como sempre. Gordo, lindo, com aquela barba preguiçosa que só fica bem em você, com a sua cara de desleixado, mas com um perfume de quem acabou de sair do banho que só você consegue ter.
Vamos voltar pro nosso jogo, vamos continuar mantendo ele empatado, se ninguém vence, ninguém perde, ninguém fica só.
Meu erro, minha culpa, minha rendição. Desisto de tentar ficar sem você, te peço perdão.
Marcela Lopes
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