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domingo, 31 de julho de 2011

Pensando em olhares tortos.


Vieram me dizer que uma pessoa que a muito tempo eu não via comentou que eu olhei "torto" para ela em uma festa. Fiquei pensando por um minuto... Me lembro muito bem de tê-la visto na festa, me lembro de ter olhado, até comentei como estava bonita... Mal vestida, mas bonita. O que a fez pensar que olhei torto e/ou sei lá o que mais está pensando? Talvez a minha cara de quem tem quase cinco graus de miopia ou talvez eu nem tivesse olhando para ela no momento em que ela me viu e achou eu estivesse a olhando. O fato é que nem sei ao certo o que seria um olhar torto...
Comentei com uma amiga minha e ela respondeu sem pudor: "Talvez você realmente estivesse olhando torto para ela!". Tudo bem que eu tenho certeza de que não estava olhando de nenhuma maneira diferente de simplesmente olhar, mas isso me fez pensar mais uma vez: e se eu realmente estivesse? Será que eu não teria motivo nenhum? Minhas amigas disseram que não, de fato ninguém me considera a vítima quando o assunto é essa pessoa.
Engraçado mesmo é como sempre tendemos (todos nós) a apoiar o lado que consideramos mais fraco - talvez nem seja. Por vezes colocamos pessoas à frente de nossa felicidade só por acharmos que suportaríamos melhor a dor, o peso ou os olhares tortos que sejam. Mas isso se mostra errado pelo simples fato de não conhecermos direito nem a nossa força, como podemos achar que conhecemos a força alheia?
A verdade é que sempre acreditei ser mais forte do que eu realmente era... Não que eu não seja. Sou, mas não o suficiente para suportar. Mas que isso, achava que ela era realmente fraca e era, ou é, ou sei lá... Já disse que não dá para saber. Por isso tenho motivos para olhar torto para ela. Porque abri mão, por tempos, da minha felicidade para que ela fosse dela. Simplesmente achei que suportaria. O problema da história nunca foi vê-la feliz (espero que ela reconheça isso) e sim me ver triste. Na verdade mesmo, acho que já sabia que eu não aguentaria por muito tempo, só não queria ter que vê-la não aguentando o peso também. E ela, não posso dizer se por egoísmo ou por realmente não entender o porque de eu estar chorando ao falar que agora era dela tudo o que sempre me fez feliz, a coisa que mais me fazia sentir vida. Ela aceitou, é claro. E eu... Eu aceito que ela me olhe da maneira que bem entender. Admito que falhei, que não aguentei a infelicidade por razão da felicidade alheia. Eu voltei... E sabe a surpresa maior? Descobri que não importa o quanto eu tente fugir, o quanto eu me afaste, o quanto eu queira que minha felicidade seja de outra pessoa, ela sempre estará me esperando e abrirá mão da felicidade de quem for para ser feliz comigo, mesmo que por alguns dias, algumas horas ou minutos que sejam.
Desculpa se por tempo te fiz sofrer, desculpa se eu te fiz sofrer voltando, desculpa se te fiz sofrer agora, falando essas coisas. E se não fiz, desculpa por achar que tenho essa capacidade. Mas convenhamos, depois de tudo que falei não espero que me olhe de outra maneira que não seja torta. Vá ser feliz! Não sei como que, depois de tanto tempo ainda se importa com o jeito que te olham. Aprenda que não é culpa de ninguém se a pessoa que você quis/quer não te pertence, nem sua para falar a verdade.
Agora que pensei direito, acho que eu devo ter olhado torto mesmo. E se não olhei, deveria.


Marcela Lopes

sábado, 30 de julho de 2011

Dialogo imaginário com o Sr. Perfeito.


Você é novo. Mas sou mais velho que você. Não, eu falo novo pra mim. Como? Eu já beijei 89 homens diferentes. E? E você é diferente de todos. Diferente como? Do jeito que eu sempre sonhei. A gente nem transou ainda. Não quis dizer isso. Quis dizer o que? Quis dizer tudo que me completa sem ser sexo. Sexo não te completa? Completará assim que fizermos. Acha que eu te completarei? Tenho a mais absoluta das certezas. Porque acha isso? Porque mesmo que não me complete no sexo, estarei feliz com as outras bagagens que traz consigo. O que? Inteligência. Não sou inteligente. Conhecimento então, conhecimento é afrodisíaco. E o que mais? Respeito. Até certo ponto. Até onde eu preciso para saber que não vai me bater. Eu posso te machucar. Você não faria isso, além do mais eu te perdoaria. Posso te machucar sem querer... Talvez eu goste. Você é safada. É que sou acostumada a ser a ativa, me desculpe. Comigo é passiva? Acho que sim, porque tenho medo. Medo de que? De ir rápido demais. Comigo não tem disso... Como eu ia saber? Perguntando. Como eu ia saber que podia perguntar? Conversando. Agora já sei. E agora? Acho que não consigo ser outra coisa, ser ativa é da minha natureza... Você pode ser o que quiser... Acho que quero ser sua. Agora? Por enquanto... Por enquanto? Eu não sei falar de futuro, quando se passa por tantos relacionamentos como eu passei a gente para de fazer planos. Minha ex tem uma filha de sete anos, não pense que eu me importo com seus relacionamentos. Eu me importo. Porque se importa? Porque odeio desagrado e ilusão. Então não me desagrade, nem me iluda. Vou tentar. Vai conseguir. Vou conseguir. Vou conseguir. Não dá. O que? As pessoas sempre me desagradam, mesmo eu odiando isso. Eu não. Porque não? Porque eu sou diferente, esqueceu? Eu tento. O que? Esquecer. Porque? Porque isso me assusta. As pessoas têm muito isso, de temer o novo. Eu principalmente, busco e me escondo ao mesmo tempo. Não se esconda, não de mim. De você não. Mas acabou de falar. É que você me deixa perdida. Onde? Não sei, em algum lugar entre o buscar e o esconder. No meio do caminho? Você É o meu melhor caminho. Tem outros? Tem piores. Como pode saber? Já me arrisquei antes. Você é misteriosa. Você gosta de mistérios. Você gosta de mistérios? Mistérios não, mas as entrelinhas me atraem e muito. Vê entrelinhas em mim? Vejo carência. Não sou carente. Ninguém é. Não sou. Pode não ser, mas aparenta. Não aparento, se aparentasse saberia. Não venha discutir entrelinhas com uma das poucas pessoas que consegue lê-las. Você deveria fazer psicologia, ou sei lá, filosofia. Vou ser comissária de bordo. Aeromoça? Comissárias conhecem lugares. O que você deseja é conhecer pessoas. Pessoas são monótonas. Mas você é um 5. E um 5 detesta monotonias. Você procura em tudo mundo o que acha que encontrou em mim. O que? Conhecimento e entrelinhas, essas coisas que você sabe que podem quebrar a monotonia te surpreendendo. Sendo aeromoça posso encontrar alguém menos monótono que você. Não achará. Como pode ter certeza? Sou perfeito para você. Como sabe? Pois depois desta conversa toda pude perceber que é perfeita para mim. Pode não ser recíproco. Se não fosse não seria perfeito. Mas nem fizemos amor ainda. Mas você já está chamando sexo de fazer amor então é como se já tivéssemos feito. Tenho que ir. Mas porque? Porque já são 23:32 e a cada minuto aumenta-se a chance de eu estragar tudo. Você não conseguiria. Eu sempre consigo. Mas a cada segundo que passa aumenta-se a minha vontade de te comer. E a minha de te dar, é assim que o começo começa e ser durante. Assim como? Quando as vontades começam a bater com a do outro e não a mais o que se descobrir. Você tem um problema com monotonia, e é serio! Tenho um problema com uma solução de dois metros de altura.

Marcela Lopes

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Um dia...


Márcio - Tati Bernardi


No primeiro colegial, com treze ou quatorze anos, eu gostava de um garoto chamado Márcio. Ele era branquinho e tinha os cabelos castanhos cacheados. Ele namorava a Priscila, uma menina bonita e riquinha e bailarina e de cabelos lisinhos e amiga de todas as outras meninas iguais a ela. Mas a Priscila e suas amigas não faziam sexo. E todo mundo era louco pra fazer sexo com elas. Eu era o que se podia chamar de beleza indefinida. Não era de todo mal, mas também não era a óbvia lindinha. Cabelo nem pro liso e nem pro cacheado e nem pra nada que pudesse ser um estilo ou moda ou até mesmo um cabelo. Roupas do mesmo jeito. Nem feias, nem bonitas. Corpo do mesmo jeito. Nem magra atlética, nem gordinha desleixada. Um meio do caminho que piorava muito quando era dia de uniforme. Não chegava a andar com as meninas feias mas nunca fui amiga da Priscila e das amigas dela. Eu era média.
Foi daí que eu tive a ideia. Eu tinha algo que aquelas meninas não tinham: eu fazia sexo. E calmamente caminhei até o Márcio, na hora do recreio, e falei: quatro horas na minha casa, eu vou fazer sexo com você, tudo bem? Ele respondeu sério, sem rir, sem parar pra pensar: me passa seu endereço que eu peço pra minha mãe me levar. Sai pisando firme, com os olhos apertados e com as unhas enfincadas nas palmas das minhas mãos. Minha vontade era sair correndo e só voltar pra escola na outra encarnação. O que tinha me dado?
Pois bem, às três da tarde, sem conseguir conter o coração e o intestino, tento expulsar minha empregada de casa. Mas o que você vai aprontar? Sua mãe sabe que vem um garoto estudar aqui? Maria, cadê aquela minha calcinha de renda branca? Convenço Maria a ir embora às quinze pras quatro. Prometo a ela que, se ela não contar nada pra minha mãe, a deixo ir embora todo dia mais cedo e também não conto nada. Quatro em ponto, vejo da janela do meu quarto um Escort vermelho parando em frente ao meu prédio. Márcio desce cheio de livros. Sua mãe o acompanha até a portaria. Ele entra. Meu coração vai parar na língua. Eu vou fazer sexo. Eu consigo fazer. Ele vai enfiar o pinto dentro de mim. Eu vou ficar bem quietinha até parar de doer. É isso. E amanhã, na hora do recreio, ele vai…. Ele vai o quê? Continuar namorando a Priscila, que é bailarina e tem o cabelo lisinho e é amiga das meninas mais bonitas da escola. E eu? Eu vou ter gêmeos, que ele não vai assumir, e eu terei que ir à escola e fazer as provas apesar da barriga. E serei motivo de fofoca pra sempre. E ele não vai falar comigo porque não sou exatamente linda e nem exatamente muito normal e ele nem é da minha turma. Seu pai vai ligar pro meu "precisa de alguma coisa?". Meu pai não vai querer falar com ele, porque quem resolve as coisas mais difíceis é a minha mãe. E minha mãe não vai querer falar com ele, porque vai estar internada pelo susto. A campainha toca. Do olho mágico, vejo ele puxando de dentro de um livro e guardando no bolso uma fileira animada de camisinhas. Me sinto ofendida: esse menino tá achando mesmo que vou transar com ele?
Eu era virgem aos quatorze e assim fiquei até os vinte e um anos de idade. Mas o Márcio, o garoto mais popular e bonito e charmoso e gente boa da escola, estava na minha casa. Abro a porta. Vejo que ele trouxe os livros de química, física e gramática. Tentando parecer descolada mas tremendo muito, pergunto qual matéria ele quer estudar primeiro. Qual? Ele ri, ensaiado: anatomia. E me empurra pro sofá. E vai direto pros meus peitos, sem nem me beijar na boca. Ah, então acho que é assim, né? Que se trata uma puta ou alguém de quem não se gosta. Aquilo tudo me faz mal demais. Se eu fosse uma princesa, teria um namorado pra ir ao shopping. Mas como sou a garota estranha, ele tenta ver meus peitos. E como eu sempre tive curiosidade em saber como era estar com um garoto realmente lindo e desejado, eu deixo. Mas se eu fosse uma princesa, ele estaria agora nervoso pra pegar na minha mão. Triste, triste, vou ficando tão triste. Por que não sou uma princesa?
De repente. Puft. Scatapuft. Trililililim. Não sou mais a garota de treze ou quatorze anos, estranha, com o peito direito pra fora e um garoto inexperiente e afobado em cima deles. Estou ao lado da cena, escrevendo esse texto. Márcio é um ótimo personagem para uma historinha. A garota de calcinha de renda branca que mandou a empregada embora é uma ótima personagem também. Não sinto que ele tenta abrir a minha calça, mas leio "ele tenta abrir a calça dela". Não sinto que ele começa a querer enfiar sua mão dentro da minha calça, mas leio "e ele começa a enfiar a mão dentro da calça dela". E fico feliz quando, no parágrafo seguinte, descubro que a garota levanta e grita "chega, desculpa, mas eu não consigo, vai embora, por favor, eu não sei o que me deu de deixar você vir aqui".
Márcio, frustrado e muito tímido, veste sua roupa, devagar, como que tentando ainda pensar em algo que salvasse sua tarde de sexo selvagem. Muito provavelmente a primeira. Ela fica deitada, com a camiseta e a alma amassadas. Márcio vai embora. Ela sente uma dor profunda e se promete duas coisas: um dia vou ser uma escritora e um dia vou ser uma princesa.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Um texto escrito em uma viagem de ônibus qualquer.


Preciso conversar. O que foi? Não dá, eu tento mas não dá. Não dá o que? Não da pra continuar. Com o que? Com isso. Mas porque agora? Porque agora me lembrei. De? Lembrei do meu problema. Qual deles? Tem um em especial. Conta... Eu tenho um problema... Você já disse. Mas é que é difícil! Tenta. Um problema que é tão pequeno mas mesmo assim acaba comigo. Que tipo de problema? Do tipo que tem nome e sobrenome, cheiro e sabor. Não precisa continuar. Mas eu quero. Eu já entendi, não quero sofrer. Não quero te fazer sofrer, mas acho que você só vai entender se eu te explicar. (...) Então explica. É um ima, um beco sem saéda e por mais que eu tente, eu não consigo seguir em frente com ninguém. Desde quando? Ja fazem dois anos, exatamente dois anos que ele entrou na minha vida e ficou, não me deixa, parecem dois séculos! Não consigo entender o porque... Eu te disse que só entenderia se eu explicasse. Preciso ir agora. Não, fica! Deixa eu terminar antes que seja tarde demais... Não tenho tempo para os meus problemas, imagina para os seus. Eu sei dos seus problemas, mas não precisa me tratar como se eu nunca tivesse te escutado. Fala. Não quero mais, eu não preciso me explicar, quem precisa de uma explicação é você. Então me explica antes que você comece a faar merda. Esse problema tem cara de safado, jeito de criança e andar de quem não deve nada a ninguém... Você não precisava ter dito isso. Se eu não explicar como me sinto você não vai entender. Eu sabia que seria assim. Assim como? Você falando que eu não sou o suficiente para você. Você é mais do que suficiente, mas é esse problema do caralho. Porque não fica com ele então? Eu não quero. Então o que quer? Não sei dizer. Eu sabia dele? Não, ele não assume, nunca assumiu. Então porque se importa? Porque eu não ligo, ninguém alem dele mesmo precisa saber que ele me ama. E como você sabe? Está escrito, se você o conhecesse saber também. Eu não preciso ouvir isso. Mas agora você quer ouvir. Porque agora se eu não ouvir até o fim vai ser pior. E vai. Mas porque agora? Porque o problema se agrava ainda mais quando eu estou aqui, com os mesmos rostos, nos nossos lugares, sentindo nossos sabores. Aqui onde? Aqui! Como é o sabor? Porque quer saber? Porque eu acho que tenho o direito. Eu nem gosto do sabor, nem do cheiro de sabonete de quem acabou de tomar banho, nem do cabelo grande e desarrumado, do nariz enorme que me beija junto com sua boca fina e sem sal. Porque detalhes, eu não preciso de detalhes, só preciso entender. E eu preciso explicar. Porque você não foge?  Eu finjo que fujo, mas a verdade é que eu preciso de cada detalhe, de cada problema. Você não precisa, ninguém precisa! Ele me  fazem sentir me sentir viva e mais do que isso, mesmo que ele não asusma eu me sinto mais amada do que nunca quando estou com ele... Mas eu te amo. Eu tentei te amar. E porque não amou? Não sei, eu queria muito saber... Fico imaginando, quando vou conseguir amar alguém por inteiro? Quando você tentar. MAS EU TENTO! Tenta mais, tenta comigo. Quando vou me dar o respeito de respeitar quem está comigo e não me aproximar dele? Você se aproximou? Nós nos aproximamos. Quando? E ele diz que a culpa é minha, mas eu digo que ninguém é inteiramente culpado, quando um não quer dois não brigam, não é verdade? Quando? Não vem ao caso, só sei dizer que eu sou imensamente e exclusivamente apaixonada por ele. Isso significa? Significa que eu cansei de tentar. Cansou?  Eu tentei todos os dias parar de pensar nele, de lembrar, de olhar suas fotos e sentir seu perfume, eu juro que eu tentei, mas entre tentar e conseguir tem um longo caminho. Isso é o fim? Eu gostaria que não houvesse fim, mas sempre há. Mas e eu, o que eu faço comigo? Tenta. Tento o que? Tenta me esquecer igual eu venho tentado esquecer do meu problema.

"Não temo culpa. Tentei. Tentamos" (CFA)

Marcela Lopes

Tati Bernardi e as "posturas sexuais".


“Posturas sexuais” que um homem jamais deveria ter:
1-    Ir embora logo depois de gozar. Pelo menos ronca meia hora pra demonstrar alguma entrega.
2-    Agradecer depois de gozar. Meu amor, eu não te fiz um favor. Eu te fiz. Entende?
3-    Falar sobre “as gostosas do trabalho” enquanto você está nua, ao lado.
4-    Guiar a cabeça da mulher. O ano é 2011, a cidade é São Paulo e as mulheres vão com suas cabeças onde quiserem, quando quiserem. Quer guiar alguma coisa fica em casa brincando de corrida no videogame.
5-    Atender o Betão, o Cabeça ou o Batata logo após a cópula e falar “já tô indo, me espera em cinco que eu tô chegando”.
6-    Bater punheta porque “gata, você não tá sabendo fazer do jeito que vai mais rápido”. Não amigo, não. Primeiro: não é prova de velocidade. Segundo: calma, a gente chega lá, eu sei que você trepa com você há mais tempo do que eu trepo com você, mas eu posso aprender. Terceiro: viciados em joystick não merecem a realidade.
7-    Se gabar porque a mulher gozou. Meu amor, mulher goza em promoção de bolsa de couro falso. Gabe-se apenas se você adivinhou que aquela música era  La Chanson de Prévert, com Jacques Brel e Gainsbourg. Dai tudo bem.
8-    Nunca, jamais, em hipótese alguma, chame um táxi. Repita comigo: NUNCA. Ou leve a moça, ou durma com a moça ou mate a moça. Mas nunca chame um táxi. Ah, e se for deixá-la no busão faça um favor pra mim: “auto-ateie-se” fogo depois.
9-    Não brinque com seu pinto como se ele fosse uma hélice. Sei lá porquê mas o número de rapazes com essa mania pós festinha é bem grande.
10- Não se sinta obrigado a ser romântico, ligar no dia seguinte, demonstrar amor. Sabemos que nem todo sexo vem com amor e isso dói mas é gostoso. Mas se sinta obrigado a ser interessante. Toda mulher pelada é digna de ver seu lado mais interessante. Nos faça rir, faça elocubrações sem nexo na madrugada e entenda de música, por favor.
11- Caso seja muito necessária aquela urinada meio truncada do membro ainda meio barro/meio tijolo, ao menos evite o pum com eco. Em alguns casos gostamos dos rapazes finos.

O Abecedário Amigo

Ela não gosta do pinto amigo. Pelo menos não pra namorar. Mas ela gosta do cara pra fazer de ladinho com o dedo na sinetinha. O cara manja da coisa. Você deve se preocupar com esse cara? Não. Ela não gosta dele, já falei. Se gostasse sofreria e se sofresse não ficaria dando pra ele toda hora toda felizinha e de bem com a vida. Toda mulher tem também o ex-namorado-mal-resolvido amigo. O Famoso EX.A. Com esse você também não deve se preocupar. Se é ex é porque a merda já foi jogada no ventilador. Eles podem até voltar, mas vai ser uma bosta. Ou ela o largou e isso uma mulher nunca perdoa (uma mulher nunca perdoa um homem que se deixou ser largado por ela) ou ele a largou e isso uma mulher também nunca perdoa (ela até faz que perdoa, mas é só pra escorraçar o desgraçado jajá). Toda mulher tem ainda o parceiro-perfeito-para-conversar-sobre-cinema-ou-música amigo. É o famoso S.A. O sensível amigo. Esse, se não for gay ou muito feio, já é motivo pra você se preocupar um pouco. Homens com pôsteres do Truffaut em casa, ainda que eles não tenham a mais puta ideia de quem foi esse cara, já roubou muita mulher de instrutor de jiu jitsu. Um pôster de cinema europeu é pau a pau com um bração de estivador. Mulheres são confusas e eternamente divididas entre grosseirões e príncipes intelectuais. Toda mulher tem um descolado-pra-dançar-e-beber amigo. É o HA. O hipster amigo. Esse aí é problema, entre uma baladinha super indie e uma viagem super fashion, ele sempre acaba a seduzindo fortemente. Nem se sabe ao certo o motivo, mas os modernos nos dão a mesma sensação de estar desfilando com botas muito fashion. É legal ser vista com ele, simplesmente isso. Toda mulher tem o R.A. O amigo rico. Ela já tentou fisgar mas acabou ficando amiga dele porque, afinal, ele tem amigos ricos. Toda mulher tem um escroto amigo. O E.A é fundamental porque sempre a aconselha “cai fora porque esse cara não presta, eu sei o que eu tô falando”. E, finalmente, toda mulher tem um tipinho-cheio-de-ginga-papinho-mole-cds-de-bossa-nova-chinelos amigo. É o C.A. O carioca amigo. Aí perdeu, playboy. O carioca amigo não faz nada, não diz nada, não planeja nada. Ele fica lá, deitado, entre a preguiça e a alegria de estar vivo. Sabe Deus o motivo, mas esse costuma ser  o mais perigoso.

Tati Bernardi Musa.

sábado, 2 de julho de 2011


TODO ESSE TEMPO DE DOR QUE EU PASSEI ANDANDO POR AÍ, TODO ESSE TEMPO QUE EU TENTEI GRITAR A PALAVRA AMOR BEM ALTO. PRA VER SE ME CONVENCIA DE UMA VEZ DO SIGNIFICADO IMPLÍCITO NESSAS QUATRO LETRAS. ESFREGANDO NA CARA DAS PESSOAS AS COISAS BOAS QUE EU TINHA, MAS NÃO CONSEGUIA MOSTRAR. ATÉ QUE O TEMPO ENFIM FOI ME VENCENDO, SOB O OLHAR CONDESCENDENTE DAS PESSOAS QUE EU MAIS DETESTAVA. É DURO RECONHECER QUE TODO ESSE SOFRIMENTO FOI EM VÃO, PORQUE NÃO EXISTE VIDA QUANDO A GENTE ESTÁ TRISTE E SÓ E NINGUÉM QUER SABER DE QUEM ESTÁ POR BAIXO. NÃO VALE A PENA SOFRER, MEU AMOR, DE TUDO O QUE EU PASSEI, ESSA FOI A ÚNICA LIÇÃO.

Cazuza