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terça-feira, 12 de julho de 2011

Um texto escrito em uma viagem de ônibus qualquer.


Preciso conversar. O que foi? Não dá, eu tento mas não dá. Não dá o que? Não da pra continuar. Com o que? Com isso. Mas porque agora? Porque agora me lembrei. De? Lembrei do meu problema. Qual deles? Tem um em especial. Conta... Eu tenho um problema... Você já disse. Mas é que é difícil! Tenta. Um problema que é tão pequeno mas mesmo assim acaba comigo. Que tipo de problema? Do tipo que tem nome e sobrenome, cheiro e sabor. Não precisa continuar. Mas eu quero. Eu já entendi, não quero sofrer. Não quero te fazer sofrer, mas acho que você só vai entender se eu te explicar. (...) Então explica. É um ima, um beco sem saéda e por mais que eu tente, eu não consigo seguir em frente com ninguém. Desde quando? Ja fazem dois anos, exatamente dois anos que ele entrou na minha vida e ficou, não me deixa, parecem dois séculos! Não consigo entender o porque... Eu te disse que só entenderia se eu explicasse. Preciso ir agora. Não, fica! Deixa eu terminar antes que seja tarde demais... Não tenho tempo para os meus problemas, imagina para os seus. Eu sei dos seus problemas, mas não precisa me tratar como se eu nunca tivesse te escutado. Fala. Não quero mais, eu não preciso me explicar, quem precisa de uma explicação é você. Então me explica antes que você comece a faar merda. Esse problema tem cara de safado, jeito de criança e andar de quem não deve nada a ninguém... Você não precisava ter dito isso. Se eu não explicar como me sinto você não vai entender. Eu sabia que seria assim. Assim como? Você falando que eu não sou o suficiente para você. Você é mais do que suficiente, mas é esse problema do caralho. Porque não fica com ele então? Eu não quero. Então o que quer? Não sei dizer. Eu sabia dele? Não, ele não assume, nunca assumiu. Então porque se importa? Porque eu não ligo, ninguém alem dele mesmo precisa saber que ele me ama. E como você sabe? Está escrito, se você o conhecesse saber também. Eu não preciso ouvir isso. Mas agora você quer ouvir. Porque agora se eu não ouvir até o fim vai ser pior. E vai. Mas porque agora? Porque o problema se agrava ainda mais quando eu estou aqui, com os mesmos rostos, nos nossos lugares, sentindo nossos sabores. Aqui onde? Aqui! Como é o sabor? Porque quer saber? Porque eu acho que tenho o direito. Eu nem gosto do sabor, nem do cheiro de sabonete de quem acabou de tomar banho, nem do cabelo grande e desarrumado, do nariz enorme que me beija junto com sua boca fina e sem sal. Porque detalhes, eu não preciso de detalhes, só preciso entender. E eu preciso explicar. Porque você não foge?  Eu finjo que fujo, mas a verdade é que eu preciso de cada detalhe, de cada problema. Você não precisa, ninguém precisa! Ele me  fazem sentir me sentir viva e mais do que isso, mesmo que ele não asusma eu me sinto mais amada do que nunca quando estou com ele... Mas eu te amo. Eu tentei te amar. E porque não amou? Não sei, eu queria muito saber... Fico imaginando, quando vou conseguir amar alguém por inteiro? Quando você tentar. MAS EU TENTO! Tenta mais, tenta comigo. Quando vou me dar o respeito de respeitar quem está comigo e não me aproximar dele? Você se aproximou? Nós nos aproximamos. Quando? E ele diz que a culpa é minha, mas eu digo que ninguém é inteiramente culpado, quando um não quer dois não brigam, não é verdade? Quando? Não vem ao caso, só sei dizer que eu sou imensamente e exclusivamente apaixonada por ele. Isso significa? Significa que eu cansei de tentar. Cansou?  Eu tentei todos os dias parar de pensar nele, de lembrar, de olhar suas fotos e sentir seu perfume, eu juro que eu tentei, mas entre tentar e conseguir tem um longo caminho. Isso é o fim? Eu gostaria que não houvesse fim, mas sempre há. Mas e eu, o que eu faço comigo? Tenta. Tento o que? Tenta me esquecer igual eu venho tentado esquecer do meu problema.

"Não temo culpa. Tentei. Tentamos" (CFA)

Marcela Lopes

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