Vieram me dizer que uma pessoa que a muito tempo eu não via comentou que eu olhei "torto" para ela em uma festa. Fiquei pensando por um minuto... Me lembro muito bem de tê-la visto na festa, me lembro de ter olhado, até comentei como estava bonita... Mal vestida, mas bonita. O que a fez pensar que olhei torto e/ou sei lá o que mais está pensando? Talvez a minha cara de quem tem quase cinco graus de miopia ou talvez eu nem tivesse olhando para ela no momento em que ela me viu e achou eu estivesse a olhando. O fato é que nem sei ao certo o que seria um olhar torto...
Comentei com uma amiga minha e ela respondeu sem pudor: "Talvez você realmente estivesse olhando torto para ela!". Tudo bem que eu tenho certeza de que não estava olhando de nenhuma maneira diferente de simplesmente olhar, mas isso me fez pensar mais uma vez: e se eu realmente estivesse? Será que eu não teria motivo nenhum? Minhas amigas disseram que não, de fato ninguém me considera a vítima quando o assunto é essa pessoa.
Engraçado mesmo é como sempre tendemos (todos nós) a apoiar o lado que consideramos mais fraco - talvez nem seja. Por vezes colocamos pessoas à frente de nossa felicidade só por acharmos que suportaríamos melhor a dor, o peso ou os olhares tortos que sejam. Mas isso se mostra errado pelo simples fato de não conhecermos direito nem a nossa força, como podemos achar que conhecemos a força alheia?
A verdade é que sempre acreditei ser mais forte do que eu realmente era... Não que eu não seja. Sou, mas não o suficiente para suportar. Mas que isso, achava que ela era realmente fraca e era, ou é, ou sei lá... Já disse que não dá para saber. Por isso tenho motivos para olhar torto para ela. Porque abri mão, por tempos, da minha felicidade para que ela fosse dela. Simplesmente achei que suportaria. O problema da história nunca foi vê-la feliz (espero que ela reconheça isso) e sim me ver triste. Na verdade mesmo, acho que já sabia que eu não aguentaria por muito tempo, só não queria ter que vê-la não aguentando o peso também. E ela, não posso dizer se por egoísmo ou por realmente não entender o porque de eu estar chorando ao falar que agora era dela tudo o que sempre me fez feliz, a coisa que mais me fazia sentir vida. Ela aceitou, é claro. E eu... Eu aceito que ela me olhe da maneira que bem entender. Admito que falhei, que não aguentei a infelicidade por razão da felicidade alheia. Eu voltei... E sabe a surpresa maior? Descobri que não importa o quanto eu tente fugir, o quanto eu me afaste, o quanto eu queira que minha felicidade seja de outra pessoa, ela sempre estará me esperando e abrirá mão da felicidade de quem for para ser feliz comigo, mesmo que por alguns dias, algumas horas ou minutos que sejam.
Desculpa se por tempo te fiz sofrer, desculpa se eu te fiz sofrer voltando, desculpa se te fiz sofrer agora, falando essas coisas. E se não fiz, desculpa por achar que tenho essa capacidade. Mas convenhamos, depois de tudo que falei não espero que me olhe de outra maneira que não seja torta. Vá ser feliz! Não sei como que, depois de tanto tempo ainda se importa com o jeito que te olham. Aprenda que não é culpa de ninguém se a pessoa que você quis/quer não te pertence, nem sua para falar a verdade.
Agora que pensei direito, acho que eu devo ter olhado torto mesmo. E se não olhei, deveria.
Marcela Lopes
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