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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Casos inacabados.


Algumas pessoas ocupam dentro de nós um espaço emocional inconfessável

IVAN MARTINS
Tem gente que vai ficando na nossa vida. A gente conhece, se envolve, termina, mas não coloca um ponto final. De alguma forma a coisa segue. Às vezes, na forma de um saudosismo cheio de desejo, uma intimidade que fica a milímetros de virar sexo. Em outras, como sexo mesmo, refeição completa que mata a fome mas não satisfaz, e ainda pode causar dor de barriga. Eu chamo isso de caso inacabado. 
Minha impressão é que todo mundo tem ou teve alguma coisa assim na vida. Talvez seja inevitável, uma vez que nem todas as relações terminam com o total esgotamento emocional. Na maior parte das vezes, temos dúvida, temos afeto, temos tesão, mas as coisas, ainda assim, acabam. Porque o outro não quer. Porque os santos não batem. Porque uma terceira pessoa aparece e tumultua tudo. Mas o encerramento do namoro (ou equivalente) não elimina os sentimentos. Eles continuam lá, e podem se tornar um caso inacabado. 
Isso às vezes acontece por fraqueza ou comodismo. Você sabe que não está mais apaixonado, mas a pessoa está lá, dando sopa, e você está carente... Fica fácil telefonar e fazer um reatamento provisório. Se os dois estiverem na mesma vibração – ou seja, desapaixonados – menos mal. Mas em geral não é isso. 
Quase sempre nesse tipo de arranjo tem alguém apaixonado (ou pelo menos, dedicado) e outro alguém que está menos aí. A relação fica desigual. De um lado, há uma pessoa cheia de esperança no presente. Do outro, alguém com o corpo aqui, mas a cabeça no futuro, esperando, espiando, a fim de algo melhor.  
Claro, não é preciso ser psicólogo para perceber que mesmo nesses arranjos desequilibrados a pessoa que não ama também está enredada. De alguma forma ela não consegue sair. Pode ser que apenas um dos dois faça gestos apaixonados e se mostre vulnerável, mas continua havendo dois na relação. Talvez a pessoa mais frágil seja, afinal, a mais forte nesse tipo de caso. Pelo menos ela sabe o que está fazendo ali. 
Esse tipo de caso inacabado é horrível. Ele atrapalha a evolução da vida. Com uma pendência dessas, a gente não avança. Você encontra gente legal, mas não se vincula porque sua cabeça está presa lá atrás. Ou você se envolve, mas esconde do novo amor uma área secreta na qual só cabem você e o caso inacabado. A coisa vira uma traição subjetiva. Não tem sexo, não tem aperto de mãos no escuro, mas tem uma intimidade tão densa que exclui o outro – e emocionalmente pode ser mais séria que uma trepada. Ainda que seja mera fantasia.  A minha observação sugere, porém, que boa parte dos casos inacabados não contém sexo. A pessoa sai da sua cama, sai até da sua vida, mas continua ocupando um espaço na sua cabeça. Você pode apenas sonhar com ela, pode falar por telefone uma vez por mês ou trocar emails todos os dias. De alguma forma, a história não acabou. A castidade existe, mas ela é apenas aparente. Na vida emocional, dentro de nós, a pessoa ainda ocupa um espaço erótico e afetivo inconfessável.  
A rigor, a gente pode entrar numa dessas com gente que nunca namorou. Basta às vezes o convívio, uma transa, meia transa, e lá está você, fisgado por alguém com quem nunca dormiu – mas de quem, subjetivamente, não consegue se esquivar. Telefona, cerca, convida. Estabelece com a pessoa uma relação que gira em torno do desejo insatisfeito, do afeto não retribuído. Vira um caso inacabado que nunca teve início, mas que, nem por isso, chega ao fim. Um saco. 
Se tudo isso parece muito sério, relaxe. Há outro tipo de caso inacabado que não dói. São aquelas pessoas de quem você vai gostar a vida toda, cuja simples visão é capaz de causar felicidade. Elas existem. Você não vai largar a mulher que ama para correr atrás de uma figura dessas, mas, cada vez que ela aparecer, vai causar em você uma insurgência incontrolável de ternura, de saudades, de carinho. O desejo, que já foi imenso, envelheceu num barril de carvalho e virou outra coisa, meio budista. Você olha, você lembra, você poderia querer – mas já não quer. Você fica feliz por ela, e esse sentimento é uma delícia. 
Para encerrar, uma observação: o alcance e a duração dos casos inacabados dependem do momento da vida. Se você está solto por aí, vira presa fácil desse tipo de envolvimento. Acontece muito quando a gente é jovem, também se repete quando a gente é mais velho e está desvinculado. Mas um grande amor, em qualquer idade, tende a por as coisas no lugar. Uma relação intensa, duradoura, faz com que a gente coloque em perspectiva esses enroscos. Eles não são para a vida inteira, eles não determinam a nossa vida. Quem faz diferença é quem nos aceita e quem nós recebemos em nossa vida. O que faz diferença é o que fica. O resto passa, que nem um porre feliz ou uma ressaca dolorosa. 

Minhas retinas tão fatigadas.



Acabei de ver coisas que me deixaram triste. Ainda me surpreendo com, como que depois de tanto tempo você ainda me surpreende e faz eu me sentir assim. Claro, eu sabia que isso aconteceria, eu sabia que seria assim, só não sei porque deixei que isso acontecesse e pior, nem sei se eu conseguiria impedir.
Sempre me senti amada, desejada, querida por você, mesmo que você me dissesse - e sempre me disse - o contrário suas ações e seu fogo sempre negavam. Passei uma parte que pode-se chamar de vida pensando que ela era a verdadeira pedra em nosso caminho. Mas agora, agora me sinto como um pedra no meio do caminho de vocês. Isso pode ser bom por um lado, para o seu lado. Pois a unica coisa que me impede de te procurar e me entregar por inteiro a você é esse sentimento. Não quero ser culpada, acusada - ou sei lá o que ela faria - pelo fim de tudo. E sabe de outra coisa mais triste? Eu nem sei se conseguiria por um fim.
Hoje vi o 6º capítulo da 5ª temporada de Gossip Girl e quer saber, agora eu descobri. Todos meus namorados, rolos, ou sei lá, todos que tem algum envolvimento comigo reclamam que eu sou seca, que não vou atrás, que não dou o braço a torcer. Acho que cansei sabe? Do tanto que corri atras, me humilhei, implorei por você. E pior, eu sempre soube que o que eu precisava fazer para ter você para mim de uma vez era totalmente o contrario. A verdade é que eu te queria aqui comigo nesse momento mais do que eu nunca quis.
Quer saber, sempre fiquei me escondendo por trás de indiretas em meus textos e acho que chegou a hora de eu falar o que eu realmente sinto. Eu te amo. E não posso mais mentir pra mim mesma nem fugir desse sentimento. A vontade de largar tudo e ir te ver ta batendo com uma força que nunca senti antes. Tenho vontade de voltar no tempo e fazer tudo igual e mesmo que isso resultasse no mesmo fim em que estamos hoje, eu voltaria só para reviver cada momento maravilhoso que tive com você. Me sinto sozinha e pequena diante do que parece que vocês dois estão tendo. Admito é tudo que eu sempre quis, sempre esperei de você. Estou com medo. Logo eu que nunca tive. Tenho medo do que estas minhas palavras podem causar ao meu redor, talvez seja essa o motivo de eu nunca tê-las dito.
Tudo que eu queria era que você me liga-se. Até Chuck Bass se desarmou. Porque você não se desarma e conversa comigo sobre você, sobre a gente, sobre tudo? Tudo que sempre esperei de você é que me ouvisse e você sempre ouviu, eu sei, mas também me nunca respondeu. Talvez esteja tudo ai, guardado dentro de você, pedindo pra sair, mas você não. Você e eu nunca dariamos certo, a gente sabe. Mas eu preciso, eu quero, mais que qualquer coisa no mundo que a gente seja feliz, junto, separado, mas perto, amigos, como sempre. Eu tentei, você sabe que sim. Eu tenho tentado desde que fui embora dai, de você. Mas não. Tá mais difícil agora do que das outras vezes porque você parece estar mais feliz, com ela.
Eu te quero, a verdade é que eu sempre quis, mas nunca me entreguei como deveria. Tô aqui, falando esse monte de merda, que sei que você nem vai ler. Você está com ela, porque me leria? Eu já disse, não quero atrapalhar e nem sei se atrapalharia, mas vocês precisam entender. É você. Sempre foi você. Desde que me lembro é você.
Você me mudou, me fez tentar ser melhor e eu consegui. Eu sou melhor agora, eu não minto, eu não perco a linha, eu não penso em beijar outras bocas a não ser a sua, eu faria tudo tudo tudo pra te ter aqui. Eu arrumei minha vida pensando em como a gente ficaria dentro dela, eu fiz tudo pensando em como seria nosso futuro. EU NÃO DEIXEI DE PENSAR EM VOCÊ UM DIA QUE FOSSE DA MINHA VIDA. E eu tentei.
Eu tentei te tirar de vez de mim, eu tentei fugir, te evitar, não te olhar enquanto você me olhava descaradamente na festa de natal. Mas não. Eu não consegui. Porque merda eu não consigo tirar você de mim? 
Eu tento me deitar a noite e imaginar que tudo isso é uma fase e que no fundo estou bem, que é tudo carência, que estou feliz com a minha vidinha, e eu estaria, se você estivesse aqui, comigo.
Me desculpa, eu tenho esse péssimo habito de chegar sem ser convidada. Você me conhece e talvez até esperasse que eu fizesse isso. Ai, como eu peço ou universo que seja isso. Como eu queria que você só estivesse fazendo isso para me atingir. Tá, eu sei que não sou o centro do seu mundo. Mas, de verdade, como eu queria que fosse. Tem tantas coisas que eu queria de você. Queria saber como é você acordando, você dormindo. Como eu queria ver você tomando banho, lavando o rosto e passando desodorante. Pode ter certeza, eu já imaginei tudo isso, nesse três anos que nos separam. E sabe o que me deixa mais triste? Porque você deixou ela saber dessas coisas, coisas que você não me mostrou. Dói, só eu sei como está doendo. 
O que você estaria fazendo nesse momento? Será que está jantando com os pais dela? Será que está comendo-a ou apenas deitado em seu quarto querendo descansar? Ai, como eu queria saber o que você anda fazendo e que não mostra nas fotos do facebook. Faz um favor pra mim? Entra mais no MSN, só pra eu ver sua carinha lá e me segurar para não apertar o enter. Me dá mais emoção. Me faz sentir de novo que você é meu. Na ultima vez que conversamos a gente estava bem. Faz o que? 1 mês? E agora esse troço. Esse aperto no meu peito que não sai, não sai. 
Eu disse que não queria ser uma pedra no caminho de vocês? Na verdade isso é tudo que eu queria. 
Marcela Lopes

Eu e os homens.



Sabe quando você assiste a um filme e depois passa horas meditando, pensando se fosse com você, sofrendo das dores dos personagens? Então, esse é um desses momentos.
Sempre choro com romances, sempre não, acho que desde a puberdade. Quando comecei a sofrer por amores não concretizados. Sendo assim, quando olhei a capa do DVD sabia que era melhor não assistir. Eu já me deitei pensando em escrever algo, imagina depois de cenas românticas, lágrimas alheias (ou não), abraços de reencontros, e aquele blábláblá todo... Agora tô aqui, chorando uma dor que, por incrível que pareça, é tão minha que nem sei. Eu poderia falar que é raro me encontrar nesse tipo de filme; não sou do tipo mulherzinha, romantiquinha, tudo “inha”, entende? Mas de fato sempre me encontro. Sempre gostei de ser o lado da forte da corda, para que esta nunca arrebente do meu lado. Mas eu gostar não quer dizer que eu seja. Posso fingir, podem acreditar, mas quanto mais filmes românticos eu vejo, mais pro lado fraco da corda vou me arrastando. Talvez eu esteja quase me pendurando na ponta. Já nem sei mais, quantos textos falando que sou forte eu fiz, talvez não mais do que os que escrevi afirmando ser fraca. Estranho isso não é? A gente ser forte na hora que deveria ser fraco e ser fraco quando deveríamos ser fortes... Acho que é isso que vem me tocado esses dias.
Tô tão dependente do meu namorado, tô ridícula, correndo atrás, falando igual criança e essas coisas de gente “inha”. É bom, é confortável, mas será que sou eu? Até ele duvida. Duvidam. Mas mesmo com toda essa carência desnecessária, eu ainda penso em acabar com tudo, penso em ficar só, cuidar da minha vida, colocar as coisas no lugar. Acho que faz muito tempo que não conheço gente nova. Claro, comecei a faculdade agora, conheci um trilhão de pessoas legais, mas todos entenderam que quando digo conhecer, digo CONHECEEEEER mesmo. Acho que foi nesse ponto em que me encontrei no mocinho do filme. Preciso abandonar tudo, conhecer pessoas novas, me apaixonar por uma, duas, vinte pessoas e depois descobrir que nenhuma daquelas era a certa e ai sim voltar e dizer que independente de eu ter voltado eu não quero mais viver de passado. Quando digo passado me refiro a tanta gente... Me dá vontade de enumera-los, sabe? Só pra ficar bem explicito mesmo. Mas também não quero ofender.
Sabe isso tudo que acabei de dizer, sobre não viver no passado. Por um lado é verdade. Mas tem um lado, um lado alto, bonito, barbudo e gordo que pode não ser. Tá dando pra entender minha confusão? Queria me livrar do presente e do passado, mas não dele. Queria que ele fosse meu futuro.  Tenho pensado tanto nele que tenho medo de trocar o nome das pessoas que converso pelo dele, é sério. Tenho pensado tanto nele que quando fecho os olhos eu o vejo, fechando ao meu lado. Falei com uma nova amiga minha que foi só conversar com ele e tudo tinha passado, que eu tinha ficado bem. E tinha, mas agora já nem sei. Agora voltou e eu mais uma vez só penso em conversar com ele... De novo. Poxa, a ultima recaída demorou nove meses e agora apenas dias. Ainda está bom, quando eu começar a ter que falar com ele de hora em hora é que complica, ele enjoa, fala as mesmas frases feitas (que pega na internet) de sempre e a gente se afasta. Mas entre esse recomeço e fim, eu sofro.
Poderia dizer que sofro como nunca, mas na verdade eu sofro como sempre. Faz nove meses que namoro e o problema é esse, o tempo. O mesmo tempo, famoso por cicatrizar feridas a acalmar corações. Quando começa a durar, a se estabilizar, normalizar, eu me lembro dele. E sei exatamente o porquê. Não faz muito tempo que descobri, mas agora eu sei. O que acontece é que com ele nunca vira rotina, é sempre novo, lindo, misterioso, escuro, profundo, complicado, embaraçoso e todos esses adjetivos que instigam qualquer mulher. Talvez seja esse o segredo dele. Se eu posso dizer, esse é o meu. Não fica bem para uma mulher amar dois homens. Ele sabe que nunca liguei com o que me ficava bem. Não por isso, mas eu não o amo. Eu amo meu namorado e só. O que ele tem de mim não é amor, ele diz que é, mas sabe que no fundo o que ele tem é apenas metade de mim. Talvez porque nunca fomos nossos por inteiro. Sempre nos entregando pela metade, sempre na defensiva, sempre nos beijando escondido, sempre só na rapidinha, sempre preferindo os amigos, sempre nos deixando pra mais tarde, para anos até.
Amigos de longa data me dizem que o que falta pra nós é resolver. Sair do meio do caminho, para ai sim decidir se vamos seguir juntos ou abrir a passagens para que outras pessoas  entrem. Antes disso, tudo que iremos ter em matéria de relacionamentos vai ser pela metade. Justamente porque metade minha é dele e metade dele é minha. (Sabe essa namorada que ele está agora? Então, avisa que é só metade.) Já falei tantas vezes em meus textos sobre pendencias, mas acho que nunca tinha conseguido explicar de forma tão convincente o que realmente acontece. Agora entendem, né? É por isso que no fim do filme parece que todo mundo tinha acabado bem menos o mocinho, ele foi se entregando em pedaços pelo meio de seu caminho e no fim as pendencias ficaram demais.
Não queria citar o fim do filme, onde ele encontra uma desconhecida e tudo parece dar certo. Não vai chegar ninguém do nada na minha vida e me fazer esquecer. Como sei disso? Eu já tentei. Namorei um ano e meio, e dessa vez já são nove meses. A minha metade ainda está lá, abraçada com ele embaixo de seu edredom. Não queria, mas falar isso me fez sentir uma vontade de estar lá por inteiro.
Marcela Lopes
P.S: O filme é: Eu e as Mulheres. Com a Kristen Stewart. Bom.

domingo, 3 de junho de 2012

Eu sei que eu amo, mas não sei o porque, entende? Eu não queria, juro que não queria. Eu tentei, tenho tentado, faz anos que venho tentando, mas não dá, não sai.

Marcela Lopes