Sabe quando você assiste a um
filme e depois passa horas meditando, pensando se fosse com você, sofrendo das
dores dos personagens? Então, esse é um desses momentos.
Sempre choro com romances, sempre
não, acho que desde a puberdade. Quando comecei a sofrer por amores não
concretizados. Sendo assim, quando olhei a capa do DVD sabia que era melhor não
assistir. Eu já me deitei pensando em escrever algo, imagina depois de cenas
românticas, lágrimas alheias (ou não), abraços de reencontros, e aquele
blábláblá todo... Agora tô aqui, chorando uma dor que, por incrível que pareça,
é tão minha que nem sei. Eu poderia falar que é raro me encontrar nesse tipo de
filme; não sou do tipo mulherzinha, romantiquinha, tudo “inha”, entende? Mas de
fato sempre me encontro. Sempre gostei de ser o lado da forte da corda, para
que esta nunca arrebente do meu lado. Mas eu gostar não quer dizer que eu seja.
Posso fingir, podem acreditar, mas quanto mais filmes românticos eu vejo, mais
pro lado fraco da corda vou me arrastando. Talvez eu esteja quase me pendurando
na ponta. Já nem sei mais, quantos textos falando que sou forte eu fiz, talvez
não mais do que os que escrevi afirmando ser fraca. Estranho isso não é? A
gente ser forte na hora que deveria ser fraco e ser fraco quando deveríamos ser
fortes... Acho que é isso que vem me tocado esses dias.
Tô tão dependente do meu
namorado, tô ridícula, correndo atrás, falando igual criança e essas coisas de
gente “inha”. É bom, é confortável, mas será que sou eu? Até ele duvida.
Duvidam. Mas mesmo com toda essa carência desnecessária, eu ainda penso em
acabar com tudo, penso em ficar só, cuidar da minha vida, colocar as coisas no
lugar. Acho que faz muito tempo que não conheço gente nova. Claro, comecei a
faculdade agora, conheci um trilhão de pessoas legais, mas todos entenderam que
quando digo conhecer, digo CONHECEEEEER mesmo. Acho que foi nesse ponto em que
me encontrei no mocinho do filme. Preciso abandonar tudo, conhecer pessoas
novas, me apaixonar por uma, duas, vinte pessoas e depois descobrir que nenhuma
daquelas era a certa e ai sim voltar e dizer que independente de eu ter voltado
eu não quero mais viver de passado. Quando digo passado me refiro a tanta
gente... Me dá vontade de enumera-los, sabe? Só pra ficar bem explicito mesmo.
Mas também não quero ofender.
Sabe isso tudo que acabei de
dizer, sobre não viver no passado. Por um lado é verdade. Mas tem um lado, um lado
alto, bonito, barbudo e gordo que pode não ser. Tá dando pra entender minha
confusão? Queria me livrar do presente e do passado, mas não dele. Queria que
ele fosse meu futuro. Tenho pensado
tanto nele que tenho medo de trocar o nome das pessoas que converso pelo dele,
é sério. Tenho pensado tanto nele que quando fecho os olhos eu o vejo, fechando
ao meu lado. Falei com uma nova amiga minha que foi só conversar com ele e tudo
tinha passado, que eu tinha ficado bem. E tinha, mas agora já nem sei. Agora
voltou e eu mais uma vez só penso em conversar com ele... De novo. Poxa, a
ultima recaída demorou nove meses e agora apenas dias. Ainda está bom, quando
eu começar a ter que falar com ele de hora em hora é que complica, ele enjoa,
fala as mesmas frases feitas (que pega na internet) de sempre e a gente se
afasta. Mas entre esse recomeço e fim, eu sofro.
Poderia dizer que sofro como
nunca, mas na verdade eu sofro como sempre. Faz nove meses que namoro e o
problema é esse, o tempo. O mesmo tempo, famoso por cicatrizar feridas a acalmar
corações. Quando começa a durar, a se estabilizar, normalizar, eu me lembro
dele. E sei exatamente o porquê. Não faz muito tempo que descobri, mas agora eu
sei. O que acontece é que com ele nunca vira rotina, é sempre novo, lindo,
misterioso, escuro, profundo, complicado, embaraçoso e todos esses adjetivos
que instigam qualquer mulher. Talvez seja esse o segredo dele. Se eu posso dizer,
esse é o meu. Não fica bem para uma mulher amar dois homens. Ele sabe que nunca
liguei com o que me ficava bem. Não por isso, mas eu não o amo. Eu amo meu
namorado e só. O que ele tem de mim não é amor, ele diz que é, mas sabe que no
fundo o que ele tem é apenas metade de mim. Talvez porque nunca fomos nossos
por inteiro. Sempre nos entregando pela metade, sempre na defensiva, sempre nos
beijando escondido, sempre só na rapidinha, sempre preferindo os amigos, sempre
nos deixando pra mais tarde, para anos até.
Amigos de longa data me dizem que
o que falta pra nós é resolver. Sair do meio do caminho, para ai sim decidir se
vamos seguir juntos ou abrir a passagens para que outras pessoas entrem. Antes disso, tudo que iremos ter em
matéria de relacionamentos vai ser pela metade. Justamente porque metade minha
é dele e metade dele é minha. (Sabe essa namorada que ele está agora? Então,
avisa que é só metade.) Já falei tantas vezes em meus textos sobre pendencias,
mas acho que nunca tinha conseguido explicar de forma tão convincente o que
realmente acontece. Agora entendem, né? É por isso que no fim do filme parece
que todo mundo tinha acabado bem menos o mocinho, ele foi se entregando em
pedaços pelo meio de seu caminho e no fim as pendencias ficaram demais.
Não queria citar o fim do filme,
onde ele encontra uma desconhecida e tudo parece dar certo. Não vai chegar
ninguém do nada na minha vida e me fazer esquecer. Como sei disso? Eu já
tentei. Namorei um ano e meio, e dessa vez já são nove meses. A minha metade
ainda está lá, abraçada com ele embaixo de seu edredom. Não queria, mas falar
isso me fez sentir uma vontade de estar lá por inteiro.
Marcela Lopes
P.S: O filme é: Eu e as Mulheres. Com a Kristen Stewart. Bom.
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