Oi meu amor. Você está bem? Eu estou. Assim... Fiquei bem
esse tempo todo, não me senti só um segundo que seja. Até agora. Até olhar
nossas fotos mais antigas sendo apagadas uma a uma do meu facebook. Eu não sei
porque tive essa necessidade de apaga-las. Alguém já tinha me dito que era
bobagem minha, mas acho que estou tentando entrar nessa nova fase da minha vida
com todas as portas e janelas abertas, limpa. É exatamente isso: LIMPA. Você
sabe que vicie-me em você como se você fosse uma droga. Eu sei, eu sei a sua
opinião sobre as drogas. Mas ao contraio de você, eu acho que elas, em alguma
situações, podem ser boas e assim elas tem sido para mim, como você foi um dia.
Acho que depois de um mês sem você, começo a ter minha primeira crise de
abstinência. Escrever é meu remédio, sempre foi.
Sabe, a gente não foi sempre assim. Por isso me doeu tanto e
eu não consegui apagar todas as fotos. A gente parecia tão feliz nelas,
sorrindo, juntos... A gente não só parecia, a gente era. No começo, no meio.
Não dá para se ser feliz no fim, por isso é o fim. Nem faz tanto tempo assim, e
a gente parecia tão mais jovem, mais bonito, acho que é por causa da
felicidade. Eu nunca tinha conseguido escrever nada que ficasse bom tendo você
como inspiração. Eu escrevo quando estou triste. Tá vendo, a gente era sim
feliz.
Me lembro de quando a gente começou a gostar um do outro.
Foi mutuo, foi mágico, foi lindo. FOI ENTREGA. Totalmente. Foi tanto amor que
chegava a assustar. Era tanta saudade, tanto querer, tanto sentir. Era de
verdade. Se eu pudesse eu voltava. Voltava no tempo e ai voltava pra você.
Agora não dá mais. A gente poderia tentar, a gente poderia arriscar, mas não
dá. Estamos em overdose. Eu estou em overdose de você. Como a gente pode errar
tanto? Era certo que não duraríamos para sempre. A gente viveu tudo que tinha
tão rápido e esgotou. A gente não teve calma. Eu quis usar toda a droga que eu
tinha de uma vez e assim, overdose.
Você foi a coisa mais certa que eu tive. A certeza da duvida
que eu tinha no começo. O que será que ele está pensando? O que será que está
sentindo? Será que está gostando? A certeza do amor que durou até o nosso
ultimo dia. Agora não sei mais. Voltei a minha vida de incertezas, de esperas
intermináveis por um telefonema, por um convite. Tem sido bom, até eu perceber
que tudo isso que eu voltei a procurar eu já tinha encontrado e perdi. Eu
estava indo pelo caminho certo, então sai dele só para tentar encontrá-lo
novamente. Faz sentido isso? Será que a vida é isso?
O ruim das drogas é que a gente se acostuma com elas e assim
elas perdem o efeito, então a gente sai a procura de uma mais forte que faça a
gente curtir de novo. A emoção que eu sentia ao te ver acabou, o amor não. Se
você fosse mesmo uma droga eu diria que eu ainda estava viciada, mas já não me
dava mais barato. Eu acostumei. Acostumei a te usar sem sentir o seu efeito
mais, acostumei com a sua presença, com os seus defeitos, até que um dia as
coisas saíram do meu controle, do nosso controle e eu tive que acreditar no que
você diz. Quem mexe com droga é maluco.
Talvez eu já tenha encontrado uma droga nova, talvez o
efeito dessa seja curto e logo logo terei de procurar uma mais pesada. Quando
se mexe com drogas, nunca se sabe o dia de amanhã. Mas sabe aquela vontade de
nunca ter começado com isso. Agora não tem mais jeito, eu sou uma drogada.
DROGADASSA eu diria. Porque eu que já mexia com essa droga tão forte que é
você, agora vou ter que usar uma mais forte ainda. Sim, eu posso ser uma
ex-viciada em você, mas eu divido muito que eu consiga me livrar pra sempre de
qualquer outra droga.
Você, como qualquer outra foi a minha salvação no começo e a
minha doença no final. Você me fez viva e depois foi matando aos poucos, cada
pedacinho de mim. Até morrer por completo toda a nossa promessa e esperança de
futuro. Eu deveria te odiar por isso, mas não consigo. Pergunta para um fumante
se ele sabe que o cigarro faz mal. É claro que ele sabe, mas nem por isso deixa
de usar. Toma o cigarro dele para você ver o que acontece. Todo mundo tem as
suas drogas particulares e ninguém consegue viver sem elas. Será que vou
conseguir viver sem você?
Será que vou conseguir ver outra pessoa te usando? Será que
vou conseguir conviver com isso? E você, será que vai deixar outra pessoa te
acender ou aceitar que eu use outra que não você? Bebe na frente de um
alcoólatra que está tentando parar e vê se ele se sente bem. E eu mentindo para
você todo esse tempo, falando que tinha largado. Eu nunca larguei, eu só deixei
de usar as antigas para usar você.
Enfim, só tem uma pergunta que não sai da minha cabeça. Será
que se eu te usasse agora, voltaria a ter efeito?
Marcela Lopes
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