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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Como vão as coisas?


Formiga, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011, 02:31 da madrugada.

Meu amor,

Tive tirando um tempo pra mim. Para pensar na vida, nas escolhas, ações, e claro, em mim.
Sempre gostei de me definir, mas estranho mesmo é que cada texto que escrevo me retrata de um jeito diferente, parece que mudo por conveniência. Pode ser... Mas eu sei que em algum lugar, talvez nem tão fundo quanto pareça estar, eu seja verdadeira.
Uma coisa é certa, sempre falei nos meus textos, de amor e de como sou má e forte. Eu simplesmente acreditava nisso, e me sentia meio que “empurrada” e transparecer isso aos outros.
Tem sido um período difícil, minhas ações remeteram a uma coisa que saiu totalmente do meu controle. Tenho chorado, esperado, rezado, e mais do que nunca tenho prestado atenção, em mim, nas pessoas.
Você já não confia mais em mim, e isso é incrível porque eu sempre confiarei em você e no seu amor por mim, independente do que você fez ou venha a fazer. Mas sabe, você tem me dito tantas coisas... Coisas que você me escondeu desde o começo por medo de me perder, coisas que eu já imaginava, e outras que eu nunca imaginaria... Você tem me assustado, e mais do que nunca me confundido. Mas a verdade é que não te culpo. Pelo que você fez, por nada...
Tenho mesmo essa mania, essa que você diz, de eu sempre querer levar a culpa por tudo. Deve ser por eu achar que sou forte e que aguento as conseqüências. Ou melhor... Eu achava que era forte! Ou melhor ainda, eu sabia que não era, mas repetia isso tantas vezes que comecei a acreditar. Até que você me sacudiu. Sacudiu mesmo, em todos os sentidos da palavra. Você me sacudiu e disse: - Marcela, para! Para de ficar se fazendo de má, você não é má, eu sei que não, você não é assim!
Eu não sou? Eu não sei. Mas você me disse isso me sacudindo com tanta convicção que eu juro que acreditei! Não por querer acreditar, não por repetir até me convencer. Mas é que isso parecia ser mesmo verdade. Me mostra? Quero ver que não sou ruim, porque até hoje tudo que eu fiz, voluntária e involuntariamente só me mostrou o contrário.
Eu sei, você me conhece, como ninguém jamais me conheceu. Eu sei...
Essa é a primeira vez que me sinto aberta o suficiente para escrever algo pra você, logo eu que sempre me gabei por não precisar perder as coisas/pessoas para saber dar valor. A gente sempre cai na própria armadilha...
Eu sei... Vai ser difícil de você me perdoar, mas me responda... Por favor, me responda! Porque eu consegui te perdoar tão fácil? Porque eu não fui forte o bastante pra dizer: - Eu errei, mas você também errou, não me julgue. NÃO! Eu estava ocupada ao seu lado me lamentando e implorando seu perdão. Logo eu que nunca tinha escrito nada pra você.
Deve ser isso mesmo o amor... Espero sinceramente que seja, porque se não for, eu começo a ter medo do que será.
Eu tinha planos, você sabe. Nós tínhamos planos! Talvez eu tenha estragado tudo, talvez não tenha mais volta, mas eu te amo muito mais agora, e não é pelo sexo, nem pelas atitudes, nem porque você tem se mostrado muito mais maduro, é porque antes eu não tinha medo, antes era tão fácil e acessível. Tenho saudade de você assim, tão meu, tão você. Talvez não volte nunca...
Prometi esperar, eu sei. Prometi que não desistiria de você. Mas ás vezes parece que você está esperando eu desistir, às vezes você joga as coisas na minha cara e fica falando coisas sem nexo que me fazem queimar por dentro. Espero que me entenda, isso não é um tchau, um adeus, muito menos um até logo. Mesmo que pareça... Eu só precisava desabafar, eu precisava conversar com você, mas a gente sempre discutiu e não chegamos a lugar nenhum, ou então a gente se olha e se beija e parece que tudo some e não temos mais coragem de voltar ao assunto.
Eu te amo, já te disse? É que tenho medo de que você se esqueça. Tenho medo de você se esqueça de que também me ama. Tenho medo de que não me perdoe. Mas de uma coisa eu juro que não tenho medo, eu não tenho medo de fazer de novo. Não tenho medo de não resistir, ou de deixar de te amar. Porque eu sei, hoje mais do que nunca, que é você que eu amo!
Ta, to arrumando falasada, eu sei. Mas é que dói, dói muito! Nunca doeu assim... Espero que pra você não doa tanto...
Você é tão forte e viril, mas só eu sei, só eu te conheço assim, desse jeito que você tem tanto medo. Só eu sei como você é por dentro, mesmo você lutando para se esconder. E eu sei, você é frágil, sozinho... Sozinho não, porque você tem muita gente que te ama. Você é só... Minha mãe sempre quis me ensinar a diferença entre os dois. Acho que encontrei a definição perfeita. Você.
Talvez eu tenha sido seu refúgio durante esse tempo, talvez por isso você ainda esteja aqui comigo. Talvez essa seja sua dificuldade em me deixar. Talvez por isso você seja agressivo, e sei lá, tão complicado. Mas eu estou aqui, eu sempre estive, sempre estarei, você sabe... Eu sou só sua, mesmo que tenha te mostrado o contrário. Você é só meu, eu sei, não precisa ficar repetindo.
Você é minha grande história, e primeira, juro que nunca disse isso a outro e nem penso em dizer novamente. Você é o que eu quero levar na minha memória por longos anos, até que eu já não me lembre mais que tenho memória. Você é quem eu sempre quis, para mim, para o meu futuro... É você quem eu quero que seja o pai dos meus filhos, do Cadu e da Lavínia (mesmo você não gostando desse nome). Você me mostrou o que é família, e eu sempre choro quando eu falo essa palavra, quando escuto... Você é a minha família! É única que eu tenho, é que me dá paz, me dá abrigo, me faz feliz. É quem me consola, me dá conselhos, e é que eu sei que nunca vai me abandonar... Eu sempre achei que família era isso, nunca abandonar...
Sei que deve estar chorando agora, lendo com os olhos embaçados tudo isso que eu te escrevi. Sabe, isso é uma coisa que sempre admirei em você, o seu romantismo. Eu posso ser a única pessoa que já te vi chorar na vida, mas sei que isso quer dizer alguma coisa. E sim, você já chorou por mim, não adianta essa de dizer que é um cisco no seu olho, ou que é porque você esta espirrando. Você me ama, é isso. De um jeito que te dá medo... Eu sei disso porque é exatamente assim que eu te amo. Te amo assustadoramente. Sinto abstinência de fizer 2h sem você. Acho que eu não agüentaria todo o resto da vida...
Sabe uma coisa que me deixou triste? Você não querer mais usar aliança, alegando que a gente só ta ficando. Pode assumir, você não quer usar porque nunca quis, nunca achou que fosse importante... Nunca se sentiu confortável com ela, então porque usou? Porque se forçou a usar? Não precisa fazer as coisas para me agradar sempre, não precisa... Outra coisa, nós não estamos apenas ficando, nós somos namorados e você sabe, sabe que ficantes não vão jantar com os sogros, não vão pra praia que fica do outro lado do pais junto, não fazem amor. Caia na real. Você ta fugindo de novo... Igual foi quando começamos. Você está fugindo da responsabilidade e sabe que abomino isso.
Você quer mudar de escola, ótimo! Vá estudar mais, se preocupar com seu futuro, mas não vá achando que vai ser fácil não, porque não vai. Vai ser pior, na outra escola não terá eu ao seu lado, te dando forças pra continuar ali. Pense nisso, até quando você vai ser só mais um lá? Quem garante que não vai entrar marcado já? Não dá pra saber... E quem vai te apoiar? Seus colegas? Não faz hora com a minha cara, né? Só quero que saiba, que você pode contar comigo, se ainda quiser.
Quero te dizer mais uma vez que te amo e que não vou a lugar nenhum, não sem saber se você toparia ir comigo. Não pretendo desistir de você, apesar de às vezes parecer ser o mais correto a se fazer. Não pretendo me vingar e essas coisas clichês. Não espero que você me perdoe fácil, apenas por ter lido um texto enorme que passei a madrugada escrevendo. Só espero o que sempre esperei de você, amor...

Te amo maior de o infinito inteiro.
Marcela Lopes.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Gente da minha laia...

Uma pessoa da minha laia não merece ser lida, ouvida nem tão pouco levada a sério. Uma pessoa da minha laia tem sérios problemas sócio-culturais. Sou um homem mau e de faro aguçado. Faço parte de um grupo seleto de pessoas que se enquadram no que bons cristãos e nazifascistas chamam de cambada. Eu e minha cambada inspiramos receio aos mais esnobes e moralistas. Pessoas da minha laia, riem daqueles que se auto-proclamam heróis ou libertadores de qualquer coisa, pois heróis e libertadores apenas são. Minha cambada tem muita coisa pra mostrar, muita coisa pra contar, mas prefere agir. Pessoas da minha laia estão preparadas para ouvir, aprender e se preciso, intervir. Gente da minha laia lê Fante, Gutierrez, Medina Reyes, Kerouac, Bukowski, Terron, Thompson, Assunção, Mirisola, Nietzsche, Cioran, Hakim Bey... Que são da laia que inspiram gente da minha laia. Gente da minha laia reunida forma uma cambada. Uma cambada de gente da mesma laia. Gente da minha laia admira Lampião e seu Cangaço, Emiliano Zapata, o Subcomandante Marcos e o Zapatismo; ouve Arnaldo Baptista, Charly Garcia, Tom Zé, Rui Maurity, Beethoven, Johnny Cash... Come comida apimentada, bebe vinho, cerveja, uísque, rum, tequila e café; contempla a pirotecnia e só por causa da comida e bebida, marca presença em almoços nus ou jantares onde ‘pessoas importantes’ e pomposas se reúnem - também em aberturas de exposições de arte onde há um bom coquetel regado a vinho e salgadinhos gordurosos. Gente da minha laia excursiona pelos botecos esquecidos da cidade e não dá sua cara a tapa gratuitamente. Gente da minha laia escreve em jornais textos improváveis, provocantes e poéticos por alguns trocados que depois são gastos em prazeres da carne e da alma. Gente da minha laia não tem medo de ser nem estar - apenas se reserva em momentos. Gente da minha laia é discreta e tem certo humor, certa elegância nos gestos e nas palavras, e quando necessário, tem o poder do sarcasmo e da ironia para algum eventual combate. Eu sou um pouco belicoso, como toda a gente da minha laia. Enfim, minha laia é circundada de cães & crianças, numa festa alegre e disposta, caótica e intensa, cheia de fragmentos de tudo quanto é coisa viva. Portanto, atenção! Somos poucos, mas bem distribuídos por aí!

Texto de Herman G. Silvani, em dedicatória á minha amiga, Gabi, que é gente da minha laia. Beijos, Marcela Lopes.

Querido fulano,

É, magoou muito. Por muito tempo, fiquei pensando em qual era o motivo da tua aproximação e distância repentina. Também tenho meus grilos quanto ao sexo. Entendo. Eu atrai tua existência e isso não foi a toa. Estávamos os dois perdidos. Mas eu me importava e muito com as pessoas, contigo. Através da dor, aprendi muito nesses anos. Acho que cheguei a um nível de consciência maior. Mas quanta dor, fulano, quanta dor. Devem ser mesmo os nossos karmas. Passei algum tempo, na cama, chorando muito por ti e pela minha existência. Não me sentia gente, não me sentia digna. Não sou do tipo de mulher que leva as relações em níveis superficiais. Nunca fui de amenidades. O teu silêncio cortou fundo, mas foi melhor assim. Te esqueci e hoje creio que eu tenha encontrado alguém que me aceita e me ama como eu sou. Chorei, conversei com nossos amigos, senti ciúmes, revolta. Mas passou. Você me inspirou a escrever. Escrevi muito pra ti, coisas que você nem deve conhecer. Nem sabia que você se importava ou que tinha ideia do que me fez, mas se tem, melhor pra nós. Não são todos que têm a tua coragem e iniciativa, fulano. Desculpas aceitas. Já passei por muitas situações difíceis. Situações de violência, desde a infância. O mundo foi duro demais pra mim, mas é ainda mais pra outros. Minha escrita é o meu refúgio, um canto seguro, longe da maldade. Se puder, deixe o dvd com a sicrana. Não estou mais de corcel. Obrigada pelas palavras. Não desejo mais o teu amor do jeito que eu desejava antes, não te preocupe. Aceito o teu respeito, que já é muito.

Vê se te cuida, fulano.


Poucas foram as vezes que encontrei textos assim, tão parecidos comigo, com o que sinto, com a minha realidade. Acho que tive a honra, é isso. Do blog: http://cafecigarrosedesordem.blogspot.com/, no qual sempre me encontro.
Beijos, Marcela Lopes.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Alguma coisa acontece no meu coração...

Me procure sem motivo aparente e faça tempestade em copo d’água. Me apavore, me enlouqueça e me envolva numa suposta pretensão. Me instigue, me irrite, invente motivos para pensar que pode ser e depois me alucine parecendo dizer não. Fuja. Passe dias, noites, horas ao meu lado e me conforte. Me acalme, me anime, me faça rir. Depois desapareça, me esqueça, me critique, me hipnotize. Confunda. Se declare, me rejeite, me difame, me oriente e eu, gramaticalmente incorreta, continuarei incoerente, desconexa, envolvida. Procurar-te-ei em tudo, em todos. Não te encontrarei, não saberei quem és. Imaginarei minha vida envolvida, enrolada nos teus braços, nos teus olhos. Em filmes, músicas, pássaros e copos de uísque barato eu me trancarei, esquecer-me-ei, afogar-me-ei. Um, dois, três, quatro modos de loucura. Às vezes cinco, muito gelo e um gole. Entorpecerei logo. Aí, devassados, vestiremos a nudez, compartilharemos o mesmo teto por uma noite, saborearemos o melhor vinho: fel. Transmitiremos calores incansáveis, incessantes e adormeceremos exaustos apenas sabendo que o inferno é o máximo. Depois fingirei que nunca te conheci e te encararei no meio da pista. Dançarei contigo como se tivéssemos dezoito anos e ficarei contigo, transarei no primeiro encontro. Esquecerei tua nobreza e me insinuarei para ti, seduzir-te-ei e enfim te terei novamente aqui.


De Carolina Pires, encontrado em andanças pelo Pensador. Beijos, Marcela Lopes.

Confissões de um amor mundano.


"Em que está pensando?"

Peço-lhe as mais sinceras desculpas por, mais uma vez, não resistir. Não acho que eu ainda consiga te convencer de que o sentimento mudou, passou... Poderia ter passado, mas eu não quis, nós não quisemos deixar que tudo se esvanecesse. Eu sei, era inevitável a minha volta, você sabia, você esperou. Mesmo que acompanhado. É mais que justo, nunca fui só sua, mas você esperou. Eu sempre soube... "Em que está pensando?", você me pergunta como se já não soubesse, como se não tivesse me esperado arduamente por longos 242 dias, para que aquilo se realizasse. Eu sei, não desconheço essa espera, nunca disse que não te esperei... Esperei, mesmo acompanhada. Nunca te esqueci, nem por um segundo. "Você me ama!", você insiste incansavelmente em me dizer. Eu nunca disse que não, mas não espere ouvir um sim, não numa segunda-feira, mesmo de lua cheia. Não em um SMS eloquente em uma madrugada de verão. Só... Não espere. Talvez por termos esperado demais... É isso, acho que esperei demais. De mim, de você, de nós, acho que sim... Talvez por isso você já não apareça mais nos meus sonhos, talvez por isso já não inspire-me a escrever. Talvez seja falta de assunto, ou mesmo excesso de coisas a serem ditas, coisas que jamais diremos. Talvez seja o calor, ou a chuva, talvez a noite nem esteja tão bonita assim. Talvez deveríamos ter esperado mais... Em que eu estava pensando? Achando que um beijo mudaria tudo e que viveríamos em paz a partir daí. Achando que nos encaixaríamos como se fosse da primeira vez... Gozado, acho que nunca nos encaixamos. Talvez possa ser isso. Não, não vá embora, fique mais. Não estou reclamando da sua companhia, nem dos seus beijos ardentes ou de você estar de chinelo, só... Só acho que esperei demais... Ou de menos. Acho que idealizei um momento e puf... Desapareceu! Em que estávamos pensando? Quando nos preocupamos mais em fazer charme do que realmente aproveitar o tempo que tínhamos? Quando nos escondíamos de nós mesmos, quando ficamos apenas... Esperando. Peço-lhe desculpas por, mais uma vez, não resistir e, sei lá, estragar o momento... Acho que ele, talvez, já tenha se perdido... Desde o dia em que eu fui embora e você não foi atrás...

Marcela Lopes

domingo, 9 de janeiro de 2011

Vai Passar - Caio F. Abreu

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...

Beijos, Marcela Lopes

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Pra Ser Sincero
Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger
Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...
Pra ser sincero
Não espero que você
Minta!
Não se sinta capaz
De enganar
Quem não engana
A si mesmo...
Nós dois temos
Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Não deixam suspeitos...
Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijo sem paixão
Crime sem castigo
Aperto de mãos
Apenas bons amigos...
Pra ser sincero
Não espero que você
Me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma
Ao diabo...
Um dia desse
Num desses
Encontros casuais
Talvez a gente
Se encontre
Talvez a gente
Encontre explicação...
Um dia desses
Num desses
Encontros casuais
Talvez eu diga:
-Minha amiga
Pra ser sincero
Prazer em vê-la!
Até mais!...

Nós dois temos

Os mesmos defeitos
Sabemos tudo
A nosso respeito
Somos suspeitos
De um crime perfeito
Mas crimes perfeitos
Nunca deixam suspeitos...



Tudo tem um porque, o porque dessa música, vocês nunca vão entender. Ou vão...
Beijos, Marcela Lopes


Casca.

Escrevi isso na minha agenda ontem a noite, gostei... Achei que deveria postar aqui.

Cigana, oblíqua e dissimulada. 
Sou aberta, explícita, sou aquilo que você vê, o que não vê, realmente, não sou. Não adianta procurar em mim entrelinhas, não sou de dar sinais, pistas. Sincera... Até comigo mesma, até demais. Sou escandalosa, beirando à vulgaridade. Se sou isto, não sou aquilo, ou 8 ou 80. Sei muito bem quem e o que eu sou, mas posso te confundir às vezes. Você deve sempre se lembrar de que sou superficial, não deve ficar tentando achar o profundo de mim, porque este eu desconheço, o deixo lá. Sou o que me vê de casca, não espere recheio de avelã, nozes, ou algo do tipo. Nunca prometo nada, nem cumpro. Nunca telefono, nem deixo bilhetes, scraps, i-mails, só aprendam a não se preocupar. Não aviso se já estou indo embora, ou se estou chegando, não sei dizer ao certo se devem ou não me esperar. Não caio nessa de fazer o melhor que eu posso, bom mesmo é fazer melhor que os outros. Se eu tento, eu consigo, acredite. Talvez o pior de ser casca, é que por ser frágil tendo a falsidade, não sei se é justificável, mas é da natureza das cascas. Sempre falo verdades brincando, cabe à você, saber diferencia-las. Sou polêmica, mas só porque sou desastrada, sempre estou no lugar certo e na hora certa pra arrumar confusão. Uma das coisas mais importantes que deve saber sobre mim é que eu não sei guardar segredos, nem mesmo os meus, já disse, não tenho nada a esconder, sou casca. Na verdade também não devem tentar me privar de nada, sempre sei o lugar certo onde procurar. Além do mais, sei transformar um pingo em tempestade, mas só se eu precisar. Sou bicho calado, daqueles que quando você vê já atacou. Sou venenosa... Safada, traiçoeira, nunca vi alguém negar, nunca! Mudo de cabelo e estilo com o vento, mas isso não quer dizer que eu tenha mudado de caráter. Gosto de sair, mas durmo cedo, nada de bom acontece após as três da manhã. Sou desses tal males que vem pra bem, ou não. Quem me conhece, me conhece desde a primeira impressão, não costumam mudar de opinião à meu respeito. Posso ser sua em uma noite, ou demorar anos. Posso ser sua por uma noite, ou pela vida inteira, o que não quer dizer necessariamente que serei somente sua.

Cazuza cantou uma vez, eu plagiei: "Eu sou assim, com a minha letra embaralhada, escrevo para me mostrar, de besta... De besta..."


É meu, sou eu, Marcela Lopes

domingo, 2 de janeiro de 2011

Coitados de vocês, homens,


que jamais saberão como é gostosa a sensação de sempre ter a preferência. Vocês que nunca poderão pôr a culpa na cólica ou na TPM; que jamais verão graça em perder um dia todo no shopping, só vendo as vitrines. Oh, homens, que não sabem como é revigorante falar sobre todo e qualquer assunto com suas amigas; que não têm ideia de como é traumatizante quebrar uma unha; não entendem, de verdade, como é triste acordar com o cabelo oleoso. Vocês, homens, tão ingênuos, nunca enfrentarão a indecisão na hora de escolher um esmalte. Não irão, nem ao menos, poder seduzir alguém fazendo somente um biquinho de birra. Homens, que acreditam ser superiores, nem sabem como é gostoso e, ao mesmo tempo, cruel estar sobre um salto agulha. Ficarão a vida toda sem saber como é bom ser abraçada por um homem alto e largo, com braços grandes e fortes. Homens, meninos, caras, garotos... nunca, nunca entenderão quão importante é passar lápis nos olhos antes de sair de casa; quão triste o final de "O Diabo Veste Prada" realmente é; quão sexy um cara inteligente pode ser. Jamais terão ideia de como é legal não precisar atravessar a rua na faixa, já que alguns caras doentes param pra que você possa passar. Vocês, inocentes, que não imaginam quantas coisas descobrimos durante nossas conversas rotineiras de banheiro; que não sabem como é gostoso morrer de chorar com um pote de sorvete no colo. Homens que jamais poderão reclamar de um corte na perna feito pela gillette durante o banho; que jamais perceberão como é difícil entender um cara; que jamais poderão gritar ao ver uma barata ou qualquer outro inseto; que jamais, jamais mesmo, poderão ficar em casa só de baby look e calcinha. Vocês, machistas, que nunca sentirão a tão comentada, e totalmente feminina, dor da rejeição; que jamais saberão como é triste viver sendo paranóica, ciumenta e temerosa de ser substituída. Jamais esfregarão uma perna na outra, tentando afastar uma leve onda de excitação repentina; jamais saberão como é gostosa a sensação que te obriga a morder os lábios ao ver o peito nu de um cara gato; jamais entenderão o prazer existente que há em ler um romance. Homens, pobres homens, que não sabem, nem nunca saberão, como é gostoso chorar quando há um cara realmente preocupado contigo te abraçando; como é revigorante usar um vestidinho leve quando o calor está infernal; como é comum e extremamente natural o ato de chorar até dormir, molhando todo o travesseiro. Vocês, garotos, que nunca terão ideia de como nossos assuntos são interessantes e, mais do que isso: masculinos. Nunca poderão ficar o dia todo com as pernas cruzadas. Nunca poderão cantar loucamente, mesmo estando sozinhos, refrões como "HOW DO I GET YOU ALONE?!!!!" e, portanto, nunca entenderão como é gostosa a sensação de gritar enquanto se canta. Nunca poderão fazer vozes estranhas enquanto brincam um bebê ou um animal. Nunca, nunquinha, vão poder passar um batom básico porque acordaram com a boca sem cor, e, devido a isso, jamais saberão como é revigorante acordar dispondo de uma rica quantidade de batons - úteis ou não. Homens, simplesmente homens, que jamais ganharão um vibrador de aniversário de sua amiga mais íntima; que jamais entenderão como é frustrante usar uma calça com a calcinha marcada; que jamais poderão sequer abrir a boca para reclamar sobre "dores abdominais", já que nenhum homem fala isso; que jamais poderão xingar outros homens que arrotam no meio das refeições; que jamais saberão como é gostosa a sensação de saber que o cara tá afim de ti e ficar somente provocando. Homens que nunca poderão reclamar de uma garota-sem-atitude; que nunca poderão fazer balé sem serem julgados; que nunca entenderão nosso mundo; que nunca entenderão que, para nós, coisas pornográficas (como revistas, filmes etc) são motivos de risos e não de... tesão; que nunca saberão como é bom ficar excitada sem aparentar. Garotos, coitados de vocês, que não podem bater na bunda de ninguém; que não podem falar sobre certos assuntos com seus amigos; que não entendem a graça fantástica por trás de "Romeu e Julieta" e acham que é somente mais uma mera história romântica barata. Pobres são vocês, homens, sempre tão garotos, que são completamente abatidos por uma gripe básica e dizem ser fortes. Oh, meninos, coitados, que têm que lidar com todos os pensamentos de garotas ao longo de suas vidas sem jamais conseguir entender um deles sequer. Vocês entenderiam se não fossem meros meninos.

Marcela Lopes

Para uma avenca partindo - Caio F. Abreu



Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viveras superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualquer atraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.


Marcela Lopes

Não dá...

Te amei, antes de te tocar, te amava. Posso ter experimentado o pior sexo do mundo, e este mesmo que feito por um ótima pessoa, não valeu a pena. Parece estranho falar assim, com tanta serenidade de sexo, sem mesmo perguntar se você deseja saber. Eu quero falar, não existe sexo bom se não há amor. E não houve. Posso falar, talvez seja coincidência, mas acredito que não te amo, também, por você ser péssimo. Você é péssimo.
Um ano, foi o que eu esperei até que pudesse encarar esse momento, um ano me preparando, aprendendo. E você é péssimo, horrível... Me senti usada, senti nojo de mim, corri para tomar banho e tirar seu cheiro impregnado no meu corpo... Nojo de você, com sou voz ofegante sem nem se perguntar se estava bom pra mim. Não estava, nem por um segundo! 
Quase chorei, segurei até ir embora, te dei um ultimo beijo, com um gosto horrível na boca, o seu gosto, que gosto horrível.
Me desculpa, eu te amei, te esperei, me segurei com medo de errar, mas não dá. Por mais que eu tenha te amado, por mais que eu te respeite, não dá pra encarar... Acho que esperei demais de você, na verdade, acho que me lembrava de que era assim, eu não queria acreditar... Porque não me deixou ainda ter esperanças? Não dá, beijos, nem me liga.


Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Não é para ninguém não, só me veio na cabeça e, com certeza, não é para o meu namorado!
Marcela Lopes

Havia de ser pra você.

Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação, cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora o que faço?


Caio Fernando Abreu e eu.
Beijos, Marcela Lopes

Eu não te amo mais.

Veio, chegou perto de mim, sentiu que eu não dava choque, mas parou, teve medo. Eu sempre fui mais atirada, mais esperta e talvez mais preparada, eu fui. Cheguei perto, fiz um cafuné. Você gosta, sempre gostou, disso, de carinho, de mim. Sempre, posso perceber, qualquer um pode perceber, me ama. Sempre me amou, me ama. Te engano, nem sempre foi assim. Foi se um tempo que o tempo não há de apagar, eu te amei. Amei de um jeito que tenho medo de amar de novo, eu te amei. Gosto de ficar dizendo isso, EU TE AMEI, passado, não amo mais. Pude perceber... Olhando em seus olhos, nem precisei ir tão profundo, não que você pudesse ir mais profundo, não dá. Eu te olhei, te olhei e vi um brilho, uma coisa que nunca teria visto se ainda te amasse, você me ama, não me engana, que eu sei. Qualquer um sabe, é só olhar bem, nem precisa ir tão profundo, você não consegue mais profundo que isso. Você está confuso que eu sei, tudo está saindo tão rápido de mim, as palavras, as frases, os gemidos e as mentiras ao pé do seu ouvido, eu parei. Parei de te esperar e vi, você sente saudades, você sempre sentiu saudade, vontade, de mim, de nós, de novo. É. Me ama que eu sei. Me ama... Ao brilho das estrelas, às luzes da cidade, me ama que eu sei. Não me engana, já não pode mais. Não te amo, não preciso de explicações, não que você conseguisse me explicar alguma coisa, só não preciso, não quero mais. Não te quero mais. Nem sei porque ainda escrevo sobre você. Talvez seja essa minha vontade incontrolável de gritar ao mundo, à você, aos seus amigos, aos meus; ahhhhh, eu não te amo mais!

Beijos, Marcela Lopes