
Só quando se prova o sabor do que é doce, é que podemos perceber tamanho o valor que davamos ao que é azedo. Não é querendo cuspir no prato que comi, por mais amargo que fosse o gosto matava a fome, acabei acostumando. Me apeguei num prato comum demais, ao mesmo arroz com feijão de todos os dias, acabei esquecendo do purê, que eu tanto gostava.
Gulosa, me empanturrei. Que pecado. Explodi. Hoje, não me contento mais com o pouco, agora comigo é na base de restaurantes, cada dia um prato novo, cada dia caras novas em minha mesa. As vezes me pego pensando em repetir a dose, só mesmo pra saber se o gosto mudou, mas penso melhor, não quero voltar para monotonia de uma vida rotineira. Os mesmos defeitos, a mesma falta de sal e excesso de pimenta, limão, e tudo que me ardia a boca.
Hoje quero o doce, o salgado, o cremoso, o crocante, o cru e o mal passado. Quero experimentar de tudo, desde os sabores exóticos, até as pamonhas. Quero qualquer coisa que possa matar minha vontade, minha ansiedade, minha fissura. Só não quero o sabor do azedo, novamente, em minha vida.
Marcela Lopes
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