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quarta-feira, 3 de março de 2010

Monólogos

por Angel Inoue.

Detesto gente do tipo monólogo. Gente que, em um bate papo, fala e fala de si, de seus problemas, de seus dissabores, de suas vitórias, de seu namorado, de sua yôga…. e não deixa ninguém falar. Eu tinha uma amiga que era bem assim; todo mundo vivia fugindo dela “a mala”, “a chatonilda”, como era conhecida. Ela era legal, tinha cultura, não era vazia, conhecia coisas bacanas e gente incrível, mas fala sério, ninguém gosta de ouvir monólogo. Nem quando ele parece interessante e a protagonista é cheia de ideias. Eu, como não sabia dizer não (e hoje, graças a Deus, acho que aprendí) ficava hoooras a fio ouvindo a bendita falar. Juro que na maioria das vezes, ela ia embora e eu não sabia dizer o que ela falou. Nossos amigos em comum sempre tinham de “ir ao dentista”, ou “levar a tia para fazer passeio turístico” nessas horas. Uma outra, mais cara de pau, até ficava na conversa. Dormindo, é claro.

Em uma era tão individualista e cheia de tecnologias que podem nos afastar uns dos outros, nada é mais tão enriquecedor quanto um bate-papo. É nele que se descarrega o que estava “entalado”, se rí das próprias desgraças, se troca informação, dicas preciosíssimas, impressões, deliciosas memórias do passado e claro, muitos bafons. Mas para isso, tem que deixar todo mundo falar.


(amei o texto e resolvi postar.)

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