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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Alguém que te transborde.

Tristeza me deu em ver que depois de tanto tempo, de tantos relacionamentos, no fim, continuo a mesma. Sempre fica aquela sensação: dessa vez vai ser diferente, agora sou forte e decidida. Aham, na teoria tudo lindo. Na prática nunca funciona. Todos esperamos o dia em que seremos completos em nossos relacionamentos e que estes não terão fim. Mas esse dia só vai chegar se você se completar sozinha. O único amor que fica é o que você sente por você mesma. Mesmo que ás vezes você se rebaixe, você procure, você queira que não acabe, o importante é saber que vai passar. Repita isso, faça disso seu mantra particular: VAI PASSAR. Chega um dia, de uma hora pra outra, de um minuto pro outro, realmente passa. Então você percebe que sentia falta de alguém do seu lado, não de uma pessoa específica. Assim, você parte para outra. Talvez para dentro de você mesma. Talvez dessa vez você tenha aprendido a se completar e assim procurar alguém que te transborde. Porque sentimos saudades, não quer dizer que amamos, talvez sim, mas não necessariamente.

Marcela Lopes

Carta que talvez seja a ultima. Ou a primeira.

Acordei-me assustada e em um pulo peguei o computador e comecei a digitar. Na verdade posso nem ter dormido. Só fiquei pensando em você.
Você diz que não acredita mais no meu amor, nem no de agora nem do de sempre. Acho que posso tentar me explicar. Queria poder falar tudo pessoalmente, mas tem vários poréns. Primeiro você não iria querer, eu te entendo, você está em outra, está preenchido. Segundo eu não conseguiria dizer tudo sem me perder. Terceiro você me interromperia a cada segundo. Quarto, talvez você já nem queria mais entender.
O fato é que seus relacionamentos foram simples, poucos e longos. Já eu passei por inúmeras coisas que você nunca fez ideia. Quando você surtou eu fiquei com raiva. Mas só por um dia ou dois. Algumas pessoas estão com mais raiva de você do que eu mesma. Eu nunca te disse mas isso já tinha acontecido comigo, não da mesma forma, talvez de uma forma pior. Essa eu nunca perdoei.
Já me envolvi com mais pessoas que talvez você vá se envolver na sua vida inteira. Já fiz tantas vezes todos esses planos que fazíamos. Sempre acreditei. Sempre os desfiz quando acabou. E é nesses entremeios, de desfazer planos e sonhos que me aparece a pessoa que me atormenta a mais ou menos 4 anos. A pessoa que te atormenta hoje.
Tudo que eu comecei e terminei teve um meio. Uma meio que realmente aconteceu e que teve um valor, um porque, teve seu lado bom, independentemente de como, com quem e quando. Menos com ele. Com ele não teve. É meu. Sou eu sozinha sentindo.
Não posso na verdade dizer que ele não sente/sentiu, mas também não posso de forma alguma dizer que ele sente. Acontece que nunca se concretizou, nunca foi realizado e esse pendência vai ficar pra sempre em mim. O que eu devia ter dito/feito, o que eu disse/fiz que não devia. As dúvidas. Tudo ainda estão aqui. Amor não. Amor agora e desde que ficamos juntos, só por você. O fato é que ele não foi homem como o P* foi de me assumir, depois de tudo que eu fiz e ele sabia que eu tinha feito. E mais, ele não foi homem como você que para assumir por duas vezes pessoas que ninguém queria/quer assumir. Mas você acreditou. Mais que isso, você provou pra muita gente que eu não sou de todo mal. Você provou que eu podia estar com você e só com você quando e por quanto tempo você quisesse. Até que não quis mais. Ele é uma coisa que não interfere na minha vida, até que alguém o descubra dentro de mim e tente tirá-lo. Ele não sai e olha que eu já tentei.
Eu te me colocando de vitima nesse momento porque você não sabe ser vitima, é um defeito e uma qualidade sua. Você está sempre no controle de qualquer situação envolvendo o nosso relacionamento. Você sabia que eu ia terminar com você e antes que eu o fizesse você foi lá e fez. Você não sabe estar errado, você não sabe ser culpado. Talvez eu te admire por isso, pois eu até gosto de ser a vítima. Então vamos decrever assim... Vou te dizer no que errei e que sei que errei.
Eu errei por deixar você me domar de uma maneira que eu deixasse de ser eu mesma. Eu errei por ser tão dependente de você que não sabia nem que dava para ir a pé até o MC. Eu errei por tratar você mal quando você ainda me tratava bem. Eu errei por deixar que minha família ficasse mais do seu lado que ao meu. Eu errei por não ter te levado mesmo que fosse arrastado ao psicólogo/psiquiatra. Eu errei por não estar ao seu lado e/ou ter paciência com os seus problemas da faculdade. Eu errei por deixar você fazer tudo que você quis quando você não deixava eu fazer nada. Errei por ter aberto mão da minha faculdade e dos amigos que eu poderia ter feito (e agora tô fazendo) para ficar com você e SEUS amigos. Eu errei por ter morado com você esse um mês que moramos juntos quando eu sabia que não era o que você queria. Errei por não ter feito amor com você sempre que você quis. Errei por não ter incentivado você a continuar fazendo os esportes e essas coisas que você gosta. Errei por não ter te ensinado a tocar violão, eu nunca soube que você gostaria. Errei por esconder de você o porque de eu querer terminar todas as vezes que quis. Errei por esconder que eu não era totalmente completa/satisfeita com o nosso relacionamento. Errei por ficar tão contrariada quando você simplesmente não queria me levar para jantar, agora eu sei que eu poderia ter ido sozinha. Errei por não te dar tudo que você queria. Errei por ficar acordada assistindo televisão/jogando video-game quando eu poderia ter ido dormir abraçada com você. Errei por não querer lavar a louça quando era a minha vez. Errei por ter tanta preguiça de tudo, sendo que você não tem, de nada. Errei por ter engordado tanto, quando você me incentivava a emagrecer e fazer academia. Errei por cada dia que eu não desci com você para pelo menos te ver malhando. Errei por nunca ter ido assistir uma luta sua sequer. Errei por não ter ido passear com você numa tarde de sábado ou domingo. Errei por não ouvir cada conselho seu. Agora estou errando por estar dizendo tudo isso para você como se você também não tivesse errado comigo.
Minha vontade era de dar uma volta. Sentar na praça do Papa e conversar com você. Ouvir você dizer que eu te fiz sofrer, que eu nunca te amei, que agora passou que você tá em outra. Não me importa. Eu estando do seu lado me sinto segura. Me senti segura ontem.
Andei pesquisando e estudando muito a psicologia da nossa situação. Existe uma coisa que chama relacionamento do fuga, que eu não vou te explicar aqui porque você vai achar que é ciúme, que é porque eu ainda não encontrei ninguém. Mas não é. Se fosse você, eu pesquisava ai. Eu posso até mesmo te dar exemplo de um relacionamento de fuga meu, se quiser. O fato é que ele deixa a gente bem, porque a gente não se esvazia, não se sente só. Eu tenho me sentido, eu sei que pode passar se eu quiser. Mas fico pensando se é isso mesmo que eu quero.
Meu avô e minha avó conversaram comigo. Falaram que era para eu pensar muito porque todos acharam que a gente ia casar e que você seria uma ótima pessoa para mim. Já estavam até começando a juntar dinheiro, rs. Da mesma forma que você inventou  uma mentira para sua mãe eu tive que omitir muitas coisas da explicação sobre o fim do nosso namoro. Falei que a gente poderia voltar. Não agora, nem ainda esse ano, nem no ano que vem. Mas quando a gente achasse que estava pronto. Quando a gente crescesse e amadurecesse. O fato é que a gente não sabe namorar. Nunca aprendemos. A gente achava que namorar é ser totalmente do outro. Era abandonar amigos, família, faculdade, hobbies, e tudo que a gente fazia antes de estar junto. Mas namorar é simplesmente estar ao lado do outro quando este precisa, o que não é sempre. A gente não era um casal de namorados, a gente vivia como se fossemos casados a anos! Se não temos maturidade para namorar imagina para viver como marido e mulher? A gente se entregou demais até que nos tornássemos uma pessoa só. Acho que já entendi isso e mesmo se voltássemos hoje, muita coisa ou tudo seria diferente. Mas quando você me ligou, da porta da minha casa, bravo comigo, uma pessoa que você mesmo disse agora é sua sua amiga, fiquei pensando se você não cresceu, se acha que ainda pode me tratar como um objeto seu. Fiquei triste, ainda não passou.
Queria que você se abrisse pelo menos uma vez comigo. Que seja a primeira e a ultima vez, não importa. Queria que aceitasse o meu convite e fosse andar a pé comigo. Queria que dissesse que também errou e que sabe disso. Que sabe cada ponto alto e baixo do nosso relacionamento. Talvez após ler isso você aceite e venha... Sempre existe a remota possibilidade.
Agora, sem te jogar na cara, sem cobranças. Eu só queria te dizer o que você pode nem ter percebido mas errou. Não é um jogo, não tem vencedor, nem perdedor. Na verdade perdedores somos os dois que passamos por tantas coisas juntos por nada.
Você errou por não me valorizar e me elogiar, eu nem me lembrava mais de como eu sou bonita. Você errou por me cobrar emagrecer quando eu não tinha forças para isso. Você errou por me tornar dependente, viciada em você! Você errou por não falar "não" para mim no começo e depois começar a querer me negar as coisas. Você errou por não me escutar mais. Você errou por não ter ido no médico. Você errou por ser tão agressivo comigo e com sua família. Você errou por não deixar eu sair sem você quando eu não conseguia enxergar outro homem. Você errou por ter ido viajar sem mim. Você errou por fazer planos sem mim quando eu não planejava ir ao supermercado sem você. Você errou por não ter me levado no cinema sem que um amigo seu fosse. E errou também por achar que o único programa que podíamos fazer era ir ao shopping. Errou por não ter ido comigo no Outback, nem no Pinguim, nem em qualquer outro lugar que eu nunca fui. Errou por não fazer programas fora da sua área de conforto comigo, como ir à algum museu, Inhotim, Zoológico. Errou por não deixar eu conhecer ninguém da faculdade. Errou por não me apresentar seus amigos e amigas. Errou por não sair comigo em Bambuí quando aqui em BH é que você não saía mesmo. Errou por não deixar eu ajudar minha madrinha com a loja quando eu já ficava com você 24h por dia. Errou DEMAIS por não ter ficado comigo no velório do meu avô quando até quem não tinha nada a ver ficou. Errou por quase ter nos matado dentro da sua caminhonete na volta para casa. Errou por achar que minha mãe não gostava de você e assim mal conversar com ela, quando sua mãe se tornou uma mãe para mim. Errou por ter falado para sua mãe que as marcas no seu braço foram de unhadas que eu te dei. Errou por não acreditar que a gente podia voltar e assim arrumar antes que eu me desse conta alguém para ocupar o meu lugar. 
Não sei como finalizar esse texto. Parece ter tantas mil coisas ainda dentro de mim querendo sair. Ainda tenho tanta coisa para te dizer. Eu posso?

Marcela Lopes

Codinome Agenor, muitos capítulos depois.


  • Ontem voltei pra casa pensando na minha vida... Hum... Acho que não faz mais sentido, sabe? Porque ontem eu tava bem, hoje não tô... Sei, e ai? E ai que as coisas que a gente busca quando está bem são muito diferentes das que a gente busca quando não está... E a sua conclusão foi? De ontem? É. Que eu não precisava de carinho, só precisava de companhia... Hum, entendi. Que tendo alguém do meu lado, desde que fosse verdadeiro independente do motivo pelo qual esse pessoa estivesse do meu lado, amor/amizade/sexo, eu assim ficaria feliz. Ontem eu fiquei pensando, nos motivos pelos quais a gente se apaixona pelas pessoas. Eu, independente de quem eu namorei, só amei de verdade quem me negou as coisas... O F*ulano. Quando se entregam, quando eu recíproco, eu quero, eu me acomodo, eu me acostumo, eu chego a querer amar e talvez amo, mas ninguém me tirou ele. Quando eu me encontro em alguém, eu não consigo gostar, eu queria. Eu queria gostar de alguém que parecesse comigo, mas só gosto de quem é diferente... Que merda, né? No mínimo interessante...
    Pau amigo e Marcela Lopes

sábado, 8 de dezembro de 2012

Eu sempre sinto, o tempo todo, por todo mundo, diferentes coisas, em diferentes intensidades, sentir eu sempre sinto.

Marcela Lopes

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre carência de carinho.


  • Outro dia eu tava conversando com  ele, dai eu mandei uma coisa e ele não respondeu o dia todo... Acho que foi ontem, ou antes de ontem, não lembro... Quando foi de noite, mandei: "Tô com saudades suas, ou. Nunca mais te vi!" E ele mandou: "Eu também!!!  Como foi seu dia?" Amiga, ele realmente tenta! Na verdade ele mandou esse carinha: =/. Mas ele não consegue amar, rs. Não foi bonitinho? Eu achei muito fofo da parte dele... Amiga eu vacilei demais com ele, forcei a barra, agora ele tá com medo de mim, se afastou... Eu quero ele de volta, nem preciso de sexo, eu quero o carinho que ele tava me dando, entende? Ele deitava abraçado comigo, me fazendo cafuné, eu tô tentando ser forte. Eu tô conseguindo... Mas eu tô carente! E você, amiga é igual eu. Você é carente, sempre será! Tenta reaproximar dele, vai mandando uma ou outra mensagem, sem falar de vocês dois, vai indo, aos poucos. Eu tô tentando, mas sem a gente se encontrar, não tem jeito, a gente precisa encontrar... Pra eu dizer pra ele, explicar o que foi que eu tava sentindo e o que estou sentindo agora... Que eu tava com medo antes, de a gente ficar igual namorado que eu queria sair, aproveitar, mas que agora eu tô precisando do que ele tava me dando... Cuidaaado! Eu não acho que você tinha que falar isso! Já tem um mês que a gente tá nessa peleja amiga! Você vai assustar ele muiiito mais! Não amiga, rs. Com certeza eu não vou falar isso! Tô falando para você... Vou fazer isso com atitudes, tipo, ficando bonitinha, sem forçar a barra, fofinha, fazendo cafuné nele, rs. Entendeu? Eu forcei a barra demais, PQP. Mas eu tava tão bebada, ou. E fazia um tempão que eu não transava, eu tava doida pra dar, rs. Daí eu dei, né? (risos eternos) Porque você é de dar! (mais risos eternos)  Eu já tinha dado na verdade, mas que queria que fosse para ele... Eu tinha dado um dia antes! Porque eu sou de dar, mas se ele não é de comer, eu quero ele do jeito que ele é... Ai amiga, tipo, eu não tô apaixonada por ele, eu tô é carente mesmo e tá parecendo que tô apaixonada. Na verdade eu não preciso que seja ele, eu quero qualquer um que me dê o que ele tava me dando. Entende? CARINHO. APENAS.
    Da carente, não de sexo, sim de carinho, Marcela Lopes.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"A vida é um minuto" (Oscar Niemeyer)



SÓ QUE NÃO, NÉ?

Deixando as "poseridades" de lado, com certeza, morre hoje um do maiores artistas brasileiros, reconhecido mundialmente pela sua genialidade e criatividade, porque não? Niemeyer vai embora deixando para trás as obras de uma vida, que graças a Deus (ou não) foi tempo suficiente para honrar e representar de forma mais que positiva o nome do Brasil.
Brincadeiras a parte, é hora de aproveitarem esse momento e procurar se informar mais sobre os admiráveis conterrâneos que ainda temos. Parar de reclamar do nosso país e o valorizar! Pode ter miséria, pode ter fome, pode ter corrupção, isso muitos tem. Mas nossa cultura é tão rica e é nossa! Niemeyer é nosso. Porque tanta gente ai sabe mais sobre a Lady Gaga do que sobre ele?
Agora ele morreu e está dando ibope, aproveita e conhece! Vai, visita BH, Brasília, vai ver como é impressionante a Cidade Administrativa. Ou então pesquisa, é tudo tão fácil hoje em dia... Pelo menos para não fazer feio quando alguém comentar a foto de luto que você pôs no facebook. É mais fácil aprender um pouco que seja do que inventar que sabe.
Em tempos de Michel Teló me admira muito todo esse reconhecimento "facebookano", apesar de muitos ai estarem, como sempre, pagando de cult, é impressionante a repercussão que a noticia teve. Enlutados ou não, é bom saber que reconhecem um ídolo quando o vêem.

Da indignadíssima, que achava que ele viveria para sempre, Marcela Lopes.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pseudônimo Agenor.

PRIMEIRA PARTE

 Pronto. Eu definitivamente estou pronta e não posso mais mexer nem na minha maquiagem, nem no meu cabelo. Estou arrumando desde as 20h e já são 23h. Preciso sair de casa agora antes que fiquei perigoso demais andar até a praça sozinha. Eu nunca fui nesse bar novo, Camaleão o nome. Nunca entendi o porque desse nome. Dizem que lá está lotando. Tenho um pouco de medo, o que e quem será que vou encontrar por lá? O fato é que ele está me esperando... Que absurdo! Quem imaginaria eu sair de BH só para vir encontrar com ele em Bí. Essa cidade é mesmo minha perdição.
 Saio. Fico imaginando se não vou ficar mais alta que ele de salto... Eu não consigo me lembrar da sua altura. Ele é lindo. De fato ele é lindo. O caminho até meu destino é curto, mas tenho tempo de pensar em cada detalhe das nossas madrugadas conversando pelo facebook. Por um momento, em um devaneio besta me pego imaginando ele me desenhando nua, como a Kate e o coração no Titanic. Rio sozinha da minha viagem. Ele é um artista. Talvez eu também seja, do meu jeito. Espero ansiosamente que ele seja bom em tudo que faz com as mãos. Ele é, eu sei que é. 
 Já consigo ouvir a música. É sertanejo, claro. Irônico porque achei que ele odiasse sertanejo como eu, acho que ele se acostumou... O som das pessoas conversando. Como as pessoas gritam nessa cidade. Diminuo o ritmo das passadas. Nãos quero chegar lá como se estivesse ansiosa para chegar, apesar de estar e muito. Quero que ele me veja casualmente. Quero que pareça que não estou a procura. Eu contei a ele que sou míope? Talvez passe direto por ele e ele pense que é doce meu. Isso sempre acontece. 
 Viro a esquina. A ultima. Tem várias mesas vermelhas espalhas pelo passeio dos dois lados da rua. Devem ser da Brahma. Meu Deus. Só agora parei para pensar em como vou chegar para conversar com ele. Claro, ele é tímido demais para puxar papo comigo. Eu devia ter vindo mais devagar ainda. Eu devia ter pensado nisso antes de sair de BH. Acho que não tenho nenhum assunto com ele que não seja a minha vontade ter ele para mim. Eu devia aprender a falar menos. Eu me coloco nessas situações.
 Imagino se devo cumprimentá-lo com um abraço, um beijo na bochecha, um tchauzinho ou se já posso chegar beijando ele. Confesso que a minha vontade era essa. Eu ainda não o vi. Melhor, posso pensar enquanto isso. Parece que não chego nunca e ao mesmo tempo aprece que estou correndo. Eu realmente queria chegar beijando ele. Acho que queria mostrar para ele e para todo mundo o meu poder. Mas não. Eu tenho que fazer um charme. Não para parecer santinha, ele sabe que não sou. Todo mundo sabe. Mas preciso mantê-lo interessado. Tomara que ele não venha conversar comigo sobre Nirvana... Não quero conversar com ele sobre um assunto que ele domine mais do que eu. Preciso me manter por cima. Eu gosto disso. Ao mesmo tempo, o medo de que ele me deixe vulnerável me excita. Eu sei, eu disse a ele, eu gosto de comandar, eu gosto das coisas do meu jeito, mas é que me prende é ousadia. Ele não pode saber que para me prender tem que me controlar. Se ele começa a me controlar acho que gozo. Já estou com vontade. E agora? Como vou me segurar para não parecer fácil?
 Fico um pouco insegura. E se ele me achar fácil demais e perder o interesse. E se ele for tipo o Alex? O menino que fui beijar e disse que eu era fácil demais. Agora sou impossível para ele. Não quero ser impossível mais uma vez. Eu quero que ele me ache impossível sem eu ser. Igual ele achava quando estávamos no Ensino Médio. RS. Dou um sorriso. Um cara olha para mim e sorri também. Eu paro na hora. Esse sorriso definitivamente não foi para ele. Continuo andando como quem não quer nada, mas com a cabeça erguida, tentando parecer superior. De certa forma sou melhor que algumas almas podres dessa cidade. Paro no caixa. Minha vontade era de misturar catuaba com pinga. Mas peço uma cerveja mesmo. É de garrafa. Viro um copo rapidamente e o encho de novo. Agora sim, me sinto preparada para encara-lo. Só não faço ideia de onde ele esteja.
 Volto a andar. Pareço um pouco perdida e sei disso. Onde será que está a minha turma, para eu poder me apoiar neles. Meu pé dói um pouco. Andar por aqui é bem diferente de andar em BH. Tenho medo de virar o pé e cair. Estou sentindo calor, eu não devia tar passado creme nas minhas pernas. Mas ele tem brilho, não pude resistir. Eu estou muito cheirosa e fico imaginando qual será o cheiro dele. Do cheiro passo a imaginar ele pelado. Como posso só pensar nisso? Ele é loiro. Nunca fiquei com nenhum loiro eu acho. De fato não é muito a minha praia. Meu pé dói bastante e volto a pensar que posso ficar mais alta que ele. Porque isso me incomoda tanto? Acho que me acostumei com o meu ex. OPA. Meu celular vibra. É UM SMS. Agora é meu coração e todo resto do meu corpo que vibra. Leio.

 Passou por mim e nem me viu, rs.

 Droga! Sabia que isso ia acontecer... Sempre acontece. Penso em responder mas não acho uma resposta que fiquei formar e excitante ao mesmo tempo. Só queria uma amiga minha para poder perguntar como estou. Preciso de autoafirmação nesse minuto.
 Alguém me grita. Claro que não é ele, ele não teria essa audácia. É um colega dele, eu gosto desse colega dele. Eu já até fiquei com ele, mas não sei se isso já foi comentado na roda. Claro que não vou ser eu a comentar, rs. Sorrio de novo. Estou um pouco nervosa. O meu medo de tropeçar e cair mais que dobrou. Acho que corro seriamente esse risco. Na minha cabeça a frase: "vai com calma" se repete sem nenhum pouco de calma. Estou eufórica. Quero mesmo uma amiga para me apoiar. Vou chegar lá. Vou cumprimentar à todos com um beijo na bochecha (decidido!) e depois vou fazer o que? Vou ficar lá parada como um dois de paus? Até parece que sou da roça, que não sei conversar. Eu sei, só não consigo imaginar o que falar para ele. Chego. Não cai. Dou um suspiro de alívio.
 Ele me olha com um olhar safado, diga-se de passagem. Acho que ele tenta entender que suspiro foi aquele. Lembrei o nome do colega dele! Ainda bem. Dei um beijo na bochecha de cada um. Praticamente não conheço ninguém ali. Uma palavra para definir meu sentimento: deslocada. Olho para ele. Ele sorri, solta um risinho. Foi mais fácil do que eu imaginava.

 - Tá rindo de mim? - Fiz a pergunta mais óbvia que eu poderia fazer para puxar assunto.
 - Sim! - Ele fala com um jeito de quem ainda não parou de rir. - Você parece meio perdida.
 - E eu estou. Mas vamos fingir que está tudo bem. - Eu falo tentando continuar com a graça da situação. Fazer graça é meu escudo, com certeza.
 - Cadê suas amigas? - Ele pergunta sem demonstrar qualquer coisa que eu posso explicar.
 - Também não sei... Elas são enroladas demais, deve que ainda nem estão prontas! - Eu devia ter pensado antes de falar. Não deixei nenhuma brecha para ele continuar o assunto. Se ele fala: "Éé..." eu tô perdida!
 - Sei... - Pronto, ele diz uma coisa mais difícil de responder do que o "Éé...".
 Dou um sorrisinho e abaixo a cabeça sem graça. 

CONTINUA... 

Marcela Lopes

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Leben, lieben, sex.


São 03:03 da manhã. Não sei se você está dormindo... Não, com certeza você está! Penso em te mandar uma mensagem falando o que estou sentindo. Não quero te acordar. Não quero te assustar. Não sei se a culpa é dos 50 tons de cinza que estou lendo, ou da minha carência por descobri que já tem outra pessoa ocupando o meu lugar na vida do meu ex e faz pouco mais de um mês que terminamos. Não sei se a culpa é dos assuntos inacabados que tenho com você ou de você ter falado não ao convite que fiz para dormir comigo novamente. O fato é que desde que você me negou eu não pude pensar em outra coisa que não o que eu teria feito com você.
Não sei se sua intenção foi me afastar por ter achado que eu estava no seu pé ou simplesmente me prender mais ainda. Se tiver sido a segunda, parabéns. Se tiver sido a primeira, sinto informar que nesse momento a minha principal prioridade é te ter. Fico ouvindo minha amiga contar as histórias de vocês dois e imaginando: "Cadê o tarado, gostoso que todo mundo diz que conheceu, eu quero ele pra mim." Mais que isso. Acostumei-me a ter tudo que eu quero, na hora que eu quero. Sexo para mim é essencial. Mais que isso. Sexo é vida. Quero isso de você.
Me perco imaginando cada detalhe da nossa futura transa. Me perco lembrando de você pelado, gostoso, só pra mim. Me perco escutando em minha cabeça, você gemendo, você gostando. Queria saber qual o gosto e qual a temperatura do seu gozo. Quero que você me faça gozar, o que não vai ser nada difícil para você. Ai como me sinto viva quando te desejo.
Vem, larga tudo e vem. Larga família, larga emprego, larga curso de Alemão, larga sua pelada que é de lei na terça-feira. Vem me comer. Não quero fazer amor, quero foder duro com você. Vem e fica. Já disse, aqui tem eu, tem comida e tarja-preta. Não que você precise, mas só para o caso... Vem e se entrega. ENTREGA. Como você não faz com ninguém a anos. Sei que consigo tirar isso de você. Sei que você pode. Sei que você quer. Sei que me quer, como eu quero você.

Marcela Lopes

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Drogas


Oi meu amor. Você está bem? Eu estou. Assim... Fiquei bem esse tempo todo, não me senti só um segundo que seja. Até agora. Até olhar nossas fotos mais antigas sendo apagadas uma a uma do meu facebook. Eu não sei porque tive essa necessidade de apaga-las. Alguém já tinha me dito que era bobagem minha, mas acho que estou tentando entrar nessa nova fase da minha vida com todas as portas e janelas abertas, limpa. É exatamente isso: LIMPA. Você sabe que vicie-me em você como se você fosse uma droga. Eu sei, eu sei a sua opinião sobre as drogas. Mas ao contraio de você, eu acho que elas, em alguma situações, podem ser boas e assim elas tem sido para mim, como você foi um dia. Acho que depois de um mês sem você, começo a ter minha primeira crise de abstinência. Escrever é meu remédio, sempre foi.
Sabe, a gente não foi sempre assim. Por isso me doeu tanto e eu não consegui apagar todas as fotos. A gente parecia tão feliz nelas, sorrindo, juntos... A gente não só parecia, a gente era. No começo, no meio. Não dá para se ser feliz no fim, por isso é o fim. Nem faz tanto tempo assim, e a gente parecia tão mais jovem, mais bonito, acho que é por causa da felicidade. Eu nunca tinha conseguido escrever nada que ficasse bom tendo você como inspiração. Eu escrevo quando estou triste. Tá vendo, a gente era sim feliz.
Me lembro de quando a gente começou a gostar um do outro. Foi mutuo, foi mágico, foi lindo. FOI ENTREGA. Totalmente. Foi tanto amor que chegava a assustar. Era tanta saudade, tanto querer, tanto sentir. Era de verdade. Se eu pudesse eu voltava. Voltava no tempo e ai voltava pra você. Agora não dá mais. A gente poderia tentar, a gente poderia arriscar, mas não dá. Estamos em overdose. Eu estou em overdose de você. Como a gente pode errar tanto? Era certo que não duraríamos para sempre. A gente viveu tudo que tinha tão rápido e esgotou. A gente não teve calma. Eu quis usar toda a droga que eu tinha de uma vez e assim, overdose.
Você foi a coisa mais certa que eu tive. A certeza da duvida que eu tinha no começo. O que será que ele está pensando? O que será que está sentindo? Será que está gostando? A certeza do amor que durou até o nosso ultimo dia. Agora não sei mais. Voltei a minha vida de incertezas, de esperas intermináveis por um telefonema, por um convite. Tem sido bom, até eu perceber que tudo isso que eu voltei a procurar eu já tinha encontrado e perdi. Eu estava indo pelo caminho certo, então sai dele só para tentar encontrá-lo novamente. Faz sentido isso? Será que a vida é isso?
O ruim das drogas é que a gente se acostuma com elas e assim elas perdem o efeito, então a gente sai a procura de uma mais forte que faça a gente curtir de novo. A emoção que eu sentia ao te ver acabou, o amor não. Se você fosse mesmo uma droga eu diria que eu ainda estava viciada, mas já não me dava mais barato. Eu acostumei. Acostumei a te usar sem sentir o seu efeito mais, acostumei com a sua presença, com os seus defeitos, até que um dia as coisas saíram do meu controle, do nosso controle e eu tive que acreditar no que você diz. Quem mexe com droga é maluco.
Talvez eu já tenha encontrado uma droga nova, talvez o efeito dessa seja curto e logo logo terei de procurar uma mais pesada. Quando se mexe com drogas, nunca se sabe o dia de amanhã. Mas sabe aquela vontade de nunca ter começado com isso. Agora não tem mais jeito, eu sou uma drogada. DROGADASSA eu diria. Porque eu que já mexia com essa droga tão forte que é você, agora vou ter que usar uma mais forte ainda. Sim, eu posso ser uma ex-viciada em você, mas eu divido muito que eu consiga me livrar pra sempre de qualquer outra droga.
Você, como qualquer outra foi a minha salvação no começo e a minha doença no final. Você me fez viva e depois foi matando aos poucos, cada pedacinho de mim. Até morrer por completo toda a nossa promessa e esperança de futuro. Eu deveria te odiar por isso, mas não consigo. Pergunta para um fumante se ele sabe que o cigarro faz mal. É claro que ele sabe, mas nem por isso deixa de usar. Toma o cigarro dele para você ver o que acontece. Todo mundo tem as suas drogas particulares e ninguém consegue viver sem elas. Será que vou conseguir viver sem você?
Será que vou conseguir ver outra pessoa te usando? Será que vou conseguir conviver com isso? E você, será que vai deixar outra pessoa te acender ou aceitar que eu use outra que não você? Bebe na frente de um alcoólatra que está tentando parar e vê se ele se sente bem. E eu mentindo para você todo esse tempo, falando que tinha largado. Eu nunca larguei, eu só deixei de usar as antigas para usar você.
Enfim, só tem uma pergunta que não sai da minha cabeça. Será que se eu te usasse agora, voltaria a ter efeito?
Marcela Lopes

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


Vai Passar - CFA

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...

Às vezes, sinto falta, às vezes, acho que é um alívio estar longe…
- Caio Fernado de Abreu

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

É engraçado como a vida da gente é surpreendente. Sai ontem pensando em conhecer uma pessoa totalmente diferente de tudo que eu conhecia. Ai, me deparo com uma pessoa que eu conhecia mas que nesse momento me pareceu tão interessante. Sei lá, só nunca imaginei. Estou me divertindo. Estou me sentindo feliz, linda e VIVA. Eu sabia que era disso que eu precisava, conquista.

Marcela Lopes

domingo, 11 de novembro de 2012

- Você deve estar muito atoa ou me odiar demais para me ligar 2h da manhã no confidencial.
- ...
- Desculpa tô ocupada e não tô ouvindo nada! Me liga depois.

Marcela Lopes
- Tô com raiva de você!
- Porque?
- Porque você me fez perder de todo mundo.
- Iii, e o que que eu posso fazer para você me perdoar?
- Posso pensar em algumas coisas, rs.
- Nossa, tá fácil em?
- Só porque você disse isso agora tá difícil.
- Eu gosto de coisas difíceis.
- E de coisas impossíveis?
- Você vai me odiar para sempre?
- Não para sempre.

Marcela Lopes

sábado, 10 de novembro de 2012

Cena - Mallu Magalhães


Vou fazer cena amor,
Pra ver
Se vale a pena a dor
Só pr'eu ser tema desse teu compor.
Não sou assim amor,
Foi só
Uma maré ruim,
Perdoa o drama,
E não desiste de mim.
Você quando chamou, eu não pude ir,
Eu tive muito medo na hora
E hoje eu sou culpada.
E eu, que fico à flor da pele,
Sem querer,
Eu tenho um coração vulcânico
E sempre acabo errada.
Não, não diga que eu lhe trato mal,
Eu tento tanto te fazer feliz,
Mas acontece qu'eu sou desastrada.
Não, eu nunca quis te machucar,
Prometo pra você deixar de cena,
Acho que eu só quero ser amada.
Vou fazer cena amor,
Pra ver
Se vale a pena a dor
Só pr'eu ser tema desse teu compor.

(só um parêntesis)

- Desculpa, desculpa mesmo, eu não sabia que vocês estavam namorando.
- Eu namorando? PFFFFF, você sabe que eu não sou disso!
- Ah, mas vocês estão juntos e tal...
- Tá doida?! A gente só "fixa".

Marcela Lopes

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Achei perdido nos rascunhos de 2011.

Achei que estava inspirada a escrever algo para você, mas assim que me sentei aqui sumiu tudo. Eu sei que tenho mil coisas para te falar, como já te disse antes, mas não sei que coisas são. Parece que hoje eu sou muito mais mulher do que você é homem. Talvez seja por tudo que já passei na minha vida, talvez seja porque tudo sempre foi tão fácil para você. Agora tá tudo muito apertado, difícil e você só tem a mim para te socorrer. A gente sabe disso. Mas você é tão contraditório que ao mesmo tempo que pede minha ajuda me diz que tenho que me afastar de você. Temos novos amores, e meu amor é maior que qualquer outro que já tive. Talvez seja disse que você precise, de um amor maior do que o que sentiu/sente por mim. 
Fico muito feliz por saber que tem alguém, mas muito triste por saber que esse alguém não pode te fazer feliz o jeito que você merece. Tenho do, te disse que tenho pena mesmo de que se prende, que deixa de viver sua vida por causa de qualquer pessoa que seja, boa e ruim. Claro, não posso negar. Ninguém gosta de saber que alguém deixou de te amar. E mesmo não te amando me sinto mal com a situação.
Tenho uma raiva disso, de ficar fazendo textos do tipo carta, tenho uma preguiça enorme de cartas, queria poder te falar as coisas por meio de metáforas e coisas assim. Mas sei que você não entenderia.
Você não era para mim, cada vez mais me convenço disso... Talvez você goste é de pessoas que vivem a vida por você e cada vez mais me convenço de que por isso eu também não era a pessoa certa para você. É não sou...
Tô imensamente preocupada, mas não sei porque... Queria muito não preocupar, mas você tem o poder de só dar preocupação a todo mundo. Você sabe como é bom quando as pessoas sentem orgulho de você, porque não começa a crescer a parar de fazer as coisa de criança que faz. Desculpa, mas fico realmente brava com essa situação. Você chega, me fala que está precisando de ajuda, me deixa preocupada e não me deixa te ajudar.
Me perdi, beijos :*
Marcela Lopes

Sobre mensagens e confiança.


 Parabéns, você conseguiu! Depois de tanto esforço MEU para aceitar as idiotices que você fez, comigo, conosco, com ela. Você fez uma, sei lá, só nunca esperei, sempre confiei. Alguns me disseram que não, que não foi você, que foi ela e você não teve como escapar, mas na boa, não sei. E mesmo se fosse...
 Sempre soube que você era um idiota, todo mundo sabe, mas você sempre foi o meu idiota, o que sempre estava disponível quando eu me sentia sozinha. Você era meu, mesmo sendo dela. E eu sempre fui sua, mesmo que também não estivesse disponível. Quer uma prova disso? Eu nunca contei das vezes que me ligou, de quando queria encontrar comigo, das coisas que me falou, tudo quando era eu quem estava namorando. E você? Porque você, que sempre presou tanto pela discrição, não me guardou só para você?
 Quer saber? O medo dela eu até entendo. Apesar de que não agiria assim se fosse eu, você sabe disso. A ex louca do meu ex sempre ligou para ele, sempre procurou, e eu? A unica coisa coisa que pensei é que ela deveria gostar muito dele, para estar assim, mesmo depois de tanto tempo. Mas ciumes, insegurança? PFVR. Ele estava comigo não estava? Era eu que ele amava e para mim que ele dizia isso, então pronto. Mas você sabe, você me disse isso não faz muito tempo; nós, eu e ela, somos muito diferentes. Eu sou, e sei que sou, mais confiante, mais segura. Qual foi a palavra que você usou mesmo? AUTENTICA. Ela erra muito por ter medo de errar e assim perder tudo outra vez. Ela acha que já sofreu demais, "coitada", e pior acha que ninguém na vida já sofreu como ela. Mas pode ser verdade, talvez eu nunca tenha sofrido por "amor" como ela e muito menos por amor por você, porque vamos combinar né? Eu tenho uma vida muito maior por fora disso. E ela? Quando já estava beirando o ridículo, você foi lá e acabou com a brincadeira.
 Mas vamos combinar outra coisa, quantas oportunidades eu deixei para ela, quantas brechas? Eu cheguei a conversar com ela e praticamente disse: -Toma, é seu, você sempre quis tanto. Ela não consegue te segurar, ninguém consegue. E eu nem quero, eu nem tento que você seja só meu, sempre me contentei com você sendo nosso. Afinal de contas, eu também nunca fui só sua, você sabe disso, por isso não demos certo lá atrás. Mas talvez por isso sempre tivemos um ao outro, no momento que sentíssemos vontade. Sempre foi isso, VONTADE.
 Já falei que sou diferente dela, tá bom. Mas sabe qual a diferença entre mim e vocês dois? Eu simplesmente estou aqui e vocês estão ai. Eu cresci, eu vivi, eu aprendi, eu conheci gente e um mundo novo. Minhas possibilidades e oportunidades são tantas que meu maior problema tem sido escolher entre elas. E vocês só estão ai.
 Eu estou aqui escrevendo isso, não é de sofrimento não, de forma alguma. É de indignação mesmo! Eu sempre soube que tudo que eu não quero na minha vida é voltar atrás, retroceder e você para mim é isso. E mais, sempre soube o lugar de vocês e o meu, nunca estivemos, nem nunca estaremos no mesmo nível. Você fala "fixar" e "maiá" e eu nunca apresentaria você como meu namorado à minha família.
 Hoje eu tenho maturidade e uma certa coragem para dizer que você foi realmente a pessoa que eu mais amei. E o meu jeito de dizer isso, sempre foi fazendo o que você mais gosta, te deixando livre. Até que te deixei assim por tanto tempo que você se sentiu só, eu sei, eu entendi. Mas quando me faltava carinho, quando me faltava sexo, quando me sobrava carência, quando eu só tinha você ai sim, a gente era só nosso. Isso para mim é amor, claro que é! Ser um do outro sem lamentar o passado e nem pensar no futuro. Se não for amor, nada mais é. E a verdade é que vivo desse amor, é ele que me resta, quando não me resta mais nada.
 Eu não larguei tudo por você. Como já disse antes, eu poderia, mas não. Eu larguei por mim, por ter outros planos. Mas larguei sabendo que você estaria comigo, como sempre esteve, como sempre estive. Esse foi o meu erro, achar que você faria por mim o que eu sempre fiz por você: ESPERAR. Esperar você aparecer, você ligar, você chamar, você assumir. Não, eu não acho que errei ou que estou errando, só acho que é hora de parar. É, então é isso, esse foi o seu jeito de pedir para eu parar, então PAREI.
 Acho que essas minhas palavras podem ser divisoras de águas, talvez você nunca me perdoe por estar falando assim... Dela, de você, de nós. Mas a verdade é que isso já não tem tanto importância para mim. Você sempre volta e se dessa vez não voltar, talvez seja para melhor, talvez seja para sempre.

Da que confiava em você, Marcela Lopes.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Em algum momento vocês vão se encontrar. Seja no meio de qualquer canto da cidade ou curtindo um mesmo status no Facebook. Não importa quem terminou ou porque terminaram. O fato, é que aquela pessoa que participava da sua vida na mesma frequência que você calçava chinelos, não existe mais no seu dia-a-dia e anda solta por aí. De amigo íntimo de todas as suas cores de calcinha, de repente, aquele cara se transformou num estranho fora do ninho. E o pior: ele já está construindo um ninho novo, que pode estar em qualquer canto do planeta terra. Existe a possibilidade dele surgir no meio da rua trocando de calçada ou esbarrando em você no corredor do shopping. Encare: enquanto não diminuem os preços de passagens para marte, é inevitável, você e seu ex podem se ver qualquer dia desses.
O que esqueceram de te contar é que o mais difícil não é o o término, é o pós termino. O mais difícil não é aquele primeiro momento que você fica sem. É ver algo que te pertenceu, dias, meses ou até anos depois, andando por aí, como se o passado não existisse, como se ele não soubesse mínimos detalhes bobos sobre a sua personalidade. Como por exemplo, que você odeia catupiry. A gente não sabe se um estranho gosta de coxinha com ou sem catupiry. Mas se ele tem uma memória boa, ele sabe isso de você. Então é mais ou menos isso: você virou uma estranha muito conhecida. E ele também.
Você vai ter que cumprimentar, sorrir, dar dois beijinhos (evitem isso, vai que acontece um lapso de “onde eu beijo mesmo?”), dizer que está ótima – mesmo que não esteja – e em caos extremos, caso der de cara com figura na farmácia, se esconder atrás da prateleira de absorventes. O reencontro, que você imaginou por meses como seria, provavelmente sairá de uma forma totalmente diferente. É que momentos constrangedores, estranhos e que nos fazem agir como robôs, nunca saem como o planejado. Namorado é passageiro, ex é para sempre. Então, por via das dúvidas, não esqueça de sair de casa com um pouco de blush. Vai que, né?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Reply - Tati Bernardi


Imagine que tenho uma mala muito pesada com um milhão de moedas de ouro. As alças ficam penduradas no meu pescoço, me forçando a cabeça pra baixo, retesando os músculos do olhar pra frente.
Vez ou outra, uma pessoa da rua passa e tenta me roubar. Mas, por mais que esteja tão pesado e doendo e estragando a minha coluna, luto até a morte pra proteger a tal da mala. Automaticamente me atiro contra o chão, como se protegesse um filho das balas. São terríveis esses quilos centralizados no ponto mais fraco do meu corpo, mas pra violência a gente não entrega nem os fardos.
Dai, também, às vezes, uma pessoa da rua se oferece pra carregar a mala pra mim. Ou pra guardar em sua casa. Ou pra dividir o peso ao estilo “uma mão em cada alça”. Também não consigo entregar meu arqueamento e tamanho para essas pessoas. O amor gentil nunca me conquistou. Gentileza é coisa pra quem nunca será íntimo. Solidariedade é coisa pra campanha política. Felicidade é pra quem se conforma em ficar num lugar só porque está bom.
Mas muito de vez em quando, como aconteceu com a gente, aparece uma pessoa que não me pede nada e pra quem eu tenho vontade de entregar cada moeda da minha mala com um milhão de moedas de ouro. Tome, leve, gaste, use, encha a sua banheira com elas e depois me mande uma foto.
Eu sou uma mendiga ao contrario. Eu ando pelo mundo implorando pra que alguém aceite a minha riqueza. Fico sentada no chão, tocando meu instrumento, com um chapéu imenso e lotado. E a plaquinha “por favor, não me ajude”. Muitas pessoas passam, mas pra poucas me levanto.
Posso ficar horas tentando te explicar. Você tem um resto perdido e solitário de sobrancelha ao lado da sobrancelha esquerda. Você tem pequenos buracos entre os dentes de baixo. Você molha o lábio com a língua ainda mais seca que seus lábios, quando está nervoso. Você joga seu maxilar inferior pra frente quando a risada é de deboche. Você joga o seu maxilar superior pra frente quando a risada é de timidez.
Você atravessou a rua com as mãos congeladas dentro do bolso. Você pede perdão pela sua parte playboy com a doçura e a sinceridade de um poeta descalço. Você me convida pra almoçar no restaurante onde terminamos e, porque sabe ser piadista exatamente do jeito que combina comigo, explica detalhadamente onde é o lugar como se eu não lembrasse dele todos os dias.
Eu vejo a palavra “reply” no meu celular e, só porque tem a letra “y”, a letra mais forte do seu sobrenome, sinto de leve um chutinho atrás dos meus joelhos. Eu poderia ficar horas te explicando por que eu acho que é amor.
Você outro dia fez o exercício contrário. Ficou tentando me explicar por que não é amor. Falou da minha amargura verborrágica, das minhas fases com remédios que causam anorgasmia, do quanto odiava quando eu tentava extrair mais e mais e mais do seu peito protegido pelas várias jaquetinhas modernas que parecem paletozinhos mas têm zíper e, por fim, disse que apesar de não simpatizar com elas, prefere as meninas que te fazem sentir de férias em um spa relaxante.
Não são por essas coisas que não se ama. Não são por essas coisas que se ama. Essas são apenas as coisas sobre as quais conseguimos falar na nossa ânsia de ocupar a cabeça enquanto nos encaramos um pouco assustados.
A verdade é que, no meio da multidão, estamos carregando nossas malas pesadas de riquezas e belezas e sentimentos. E uma hora, só porque acontece e não se pode explicar sem parecer ingênuo e arrogante, escolhemos uma pessoa que nos leve.
Eu sei que é amor porque eu te escolhi pra me levar e, mesmo você não tendo aceitado, eu fui.
Eu te vi atravessando a rua com as mãos frias dentro da “jaquetinha paletó que tem zíper” e fui lançada sem tempo de pena. Você não sabe, você não vê, você não quer, você não se importa. Mas, no último segundo do sinal fechado, eu abri a janela do meu carro e joguei a mala com milhões de moedas de ouro.
A mala não te atingiu, caiu meio metro antes do seu último passo. Nem o som do meu peito desmoronado, nem o cheiro do meu amor metalizado, nem a luz da minha devoção dourada. A mala espatifou no meio da avenida caótica pela chuva e pela véspera do feriado. Os famintos, os entediados, os pobre-ninguéns, os todos-os-outros, se engalfinharam pra tirar proveito do amor que, lançado ao homem sem mãos aparentes, agora ficou esparramado, exposto e restante no asfalto, como um resto de feira reluzente.

Queria dizer, será que disse tudo?

Fico querendo aparecer mas nunca sei qual é a hora certa. Se for esta, apareça. Eu posso sumir se quiser, mas vou ter que ouvir isso da sua boca. Não estou carente, apesar de achar que isso não venha ao caso. Nem tomei nenhuma atitude por você, apesar de achar que poderia. Você gosta dessa minha confusão que eu sei, sabemos. Me dê um sinal para largar tudo de vez, eu largo, tudo fica bem. Beijos e boa noite.

Marcela Lopes

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça.. ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

Caio Fernando Abreu
Meus parabéns atrasados, acho que sinto sua falta, ou não. Quem sabe? Pela primeira vez nenhum de nós está disponível. Felicidades, eu sei que você procura, ou será que  achou? Achamos? Ainda nos cruzaremos por ai. Beijos e boa noite. 

Marcela Lopes

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Casos inacabados.


Algumas pessoas ocupam dentro de nós um espaço emocional inconfessável

IVAN MARTINS
Tem gente que vai ficando na nossa vida. A gente conhece, se envolve, termina, mas não coloca um ponto final. De alguma forma a coisa segue. Às vezes, na forma de um saudosismo cheio de desejo, uma intimidade que fica a milímetros de virar sexo. Em outras, como sexo mesmo, refeição completa que mata a fome mas não satisfaz, e ainda pode causar dor de barriga. Eu chamo isso de caso inacabado. 
Minha impressão é que todo mundo tem ou teve alguma coisa assim na vida. Talvez seja inevitável, uma vez que nem todas as relações terminam com o total esgotamento emocional. Na maior parte das vezes, temos dúvida, temos afeto, temos tesão, mas as coisas, ainda assim, acabam. Porque o outro não quer. Porque os santos não batem. Porque uma terceira pessoa aparece e tumultua tudo. Mas o encerramento do namoro (ou equivalente) não elimina os sentimentos. Eles continuam lá, e podem se tornar um caso inacabado. 
Isso às vezes acontece por fraqueza ou comodismo. Você sabe que não está mais apaixonado, mas a pessoa está lá, dando sopa, e você está carente... Fica fácil telefonar e fazer um reatamento provisório. Se os dois estiverem na mesma vibração – ou seja, desapaixonados – menos mal. Mas em geral não é isso. 
Quase sempre nesse tipo de arranjo tem alguém apaixonado (ou pelo menos, dedicado) e outro alguém que está menos aí. A relação fica desigual. De um lado, há uma pessoa cheia de esperança no presente. Do outro, alguém com o corpo aqui, mas a cabeça no futuro, esperando, espiando, a fim de algo melhor.  
Claro, não é preciso ser psicólogo para perceber que mesmo nesses arranjos desequilibrados a pessoa que não ama também está enredada. De alguma forma ela não consegue sair. Pode ser que apenas um dos dois faça gestos apaixonados e se mostre vulnerável, mas continua havendo dois na relação. Talvez a pessoa mais frágil seja, afinal, a mais forte nesse tipo de caso. Pelo menos ela sabe o que está fazendo ali. 
Esse tipo de caso inacabado é horrível. Ele atrapalha a evolução da vida. Com uma pendência dessas, a gente não avança. Você encontra gente legal, mas não se vincula porque sua cabeça está presa lá atrás. Ou você se envolve, mas esconde do novo amor uma área secreta na qual só cabem você e o caso inacabado. A coisa vira uma traição subjetiva. Não tem sexo, não tem aperto de mãos no escuro, mas tem uma intimidade tão densa que exclui o outro – e emocionalmente pode ser mais séria que uma trepada. Ainda que seja mera fantasia.  A minha observação sugere, porém, que boa parte dos casos inacabados não contém sexo. A pessoa sai da sua cama, sai até da sua vida, mas continua ocupando um espaço na sua cabeça. Você pode apenas sonhar com ela, pode falar por telefone uma vez por mês ou trocar emails todos os dias. De alguma forma, a história não acabou. A castidade existe, mas ela é apenas aparente. Na vida emocional, dentro de nós, a pessoa ainda ocupa um espaço erótico e afetivo inconfessável.  
A rigor, a gente pode entrar numa dessas com gente que nunca namorou. Basta às vezes o convívio, uma transa, meia transa, e lá está você, fisgado por alguém com quem nunca dormiu – mas de quem, subjetivamente, não consegue se esquivar. Telefona, cerca, convida. Estabelece com a pessoa uma relação que gira em torno do desejo insatisfeito, do afeto não retribuído. Vira um caso inacabado que nunca teve início, mas que, nem por isso, chega ao fim. Um saco. 
Se tudo isso parece muito sério, relaxe. Há outro tipo de caso inacabado que não dói. São aquelas pessoas de quem você vai gostar a vida toda, cuja simples visão é capaz de causar felicidade. Elas existem. Você não vai largar a mulher que ama para correr atrás de uma figura dessas, mas, cada vez que ela aparecer, vai causar em você uma insurgência incontrolável de ternura, de saudades, de carinho. O desejo, que já foi imenso, envelheceu num barril de carvalho e virou outra coisa, meio budista. Você olha, você lembra, você poderia querer – mas já não quer. Você fica feliz por ela, e esse sentimento é uma delícia. 
Para encerrar, uma observação: o alcance e a duração dos casos inacabados dependem do momento da vida. Se você está solto por aí, vira presa fácil desse tipo de envolvimento. Acontece muito quando a gente é jovem, também se repete quando a gente é mais velho e está desvinculado. Mas um grande amor, em qualquer idade, tende a por as coisas no lugar. Uma relação intensa, duradoura, faz com que a gente coloque em perspectiva esses enroscos. Eles não são para a vida inteira, eles não determinam a nossa vida. Quem faz diferença é quem nos aceita e quem nós recebemos em nossa vida. O que faz diferença é o que fica. O resto passa, que nem um porre feliz ou uma ressaca dolorosa. 

Minhas retinas tão fatigadas.



Acabei de ver coisas que me deixaram triste. Ainda me surpreendo com, como que depois de tanto tempo você ainda me surpreende e faz eu me sentir assim. Claro, eu sabia que isso aconteceria, eu sabia que seria assim, só não sei porque deixei que isso acontecesse e pior, nem sei se eu conseguiria impedir.
Sempre me senti amada, desejada, querida por você, mesmo que você me dissesse - e sempre me disse - o contrário suas ações e seu fogo sempre negavam. Passei uma parte que pode-se chamar de vida pensando que ela era a verdadeira pedra em nosso caminho. Mas agora, agora me sinto como um pedra no meio do caminho de vocês. Isso pode ser bom por um lado, para o seu lado. Pois a unica coisa que me impede de te procurar e me entregar por inteiro a você é esse sentimento. Não quero ser culpada, acusada - ou sei lá o que ela faria - pelo fim de tudo. E sabe de outra coisa mais triste? Eu nem sei se conseguiria por um fim.
Hoje vi o 6º capítulo da 5ª temporada de Gossip Girl e quer saber, agora eu descobri. Todos meus namorados, rolos, ou sei lá, todos que tem algum envolvimento comigo reclamam que eu sou seca, que não vou atrás, que não dou o braço a torcer. Acho que cansei sabe? Do tanto que corri atras, me humilhei, implorei por você. E pior, eu sempre soube que o que eu precisava fazer para ter você para mim de uma vez era totalmente o contrario. A verdade é que eu te queria aqui comigo nesse momento mais do que eu nunca quis.
Quer saber, sempre fiquei me escondendo por trás de indiretas em meus textos e acho que chegou a hora de eu falar o que eu realmente sinto. Eu te amo. E não posso mais mentir pra mim mesma nem fugir desse sentimento. A vontade de largar tudo e ir te ver ta batendo com uma força que nunca senti antes. Tenho vontade de voltar no tempo e fazer tudo igual e mesmo que isso resultasse no mesmo fim em que estamos hoje, eu voltaria só para reviver cada momento maravilhoso que tive com você. Me sinto sozinha e pequena diante do que parece que vocês dois estão tendo. Admito é tudo que eu sempre quis, sempre esperei de você. Estou com medo. Logo eu que nunca tive. Tenho medo do que estas minhas palavras podem causar ao meu redor, talvez seja essa o motivo de eu nunca tê-las dito.
Tudo que eu queria era que você me liga-se. Até Chuck Bass se desarmou. Porque você não se desarma e conversa comigo sobre você, sobre a gente, sobre tudo? Tudo que sempre esperei de você é que me ouvisse e você sempre ouviu, eu sei, mas também me nunca respondeu. Talvez esteja tudo ai, guardado dentro de você, pedindo pra sair, mas você não. Você e eu nunca dariamos certo, a gente sabe. Mas eu preciso, eu quero, mais que qualquer coisa no mundo que a gente seja feliz, junto, separado, mas perto, amigos, como sempre. Eu tentei, você sabe que sim. Eu tenho tentado desde que fui embora dai, de você. Mas não. Tá mais difícil agora do que das outras vezes porque você parece estar mais feliz, com ela.
Eu te quero, a verdade é que eu sempre quis, mas nunca me entreguei como deveria. Tô aqui, falando esse monte de merda, que sei que você nem vai ler. Você está com ela, porque me leria? Eu já disse, não quero atrapalhar e nem sei se atrapalharia, mas vocês precisam entender. É você. Sempre foi você. Desde que me lembro é você.
Você me mudou, me fez tentar ser melhor e eu consegui. Eu sou melhor agora, eu não minto, eu não perco a linha, eu não penso em beijar outras bocas a não ser a sua, eu faria tudo tudo tudo pra te ter aqui. Eu arrumei minha vida pensando em como a gente ficaria dentro dela, eu fiz tudo pensando em como seria nosso futuro. EU NÃO DEIXEI DE PENSAR EM VOCÊ UM DIA QUE FOSSE DA MINHA VIDA. E eu tentei.
Eu tentei te tirar de vez de mim, eu tentei fugir, te evitar, não te olhar enquanto você me olhava descaradamente na festa de natal. Mas não. Eu não consegui. Porque merda eu não consigo tirar você de mim? 
Eu tento me deitar a noite e imaginar que tudo isso é uma fase e que no fundo estou bem, que é tudo carência, que estou feliz com a minha vidinha, e eu estaria, se você estivesse aqui, comigo.
Me desculpa, eu tenho esse péssimo habito de chegar sem ser convidada. Você me conhece e talvez até esperasse que eu fizesse isso. Ai, como eu peço ou universo que seja isso. Como eu queria que você só estivesse fazendo isso para me atingir. Tá, eu sei que não sou o centro do seu mundo. Mas, de verdade, como eu queria que fosse. Tem tantas coisas que eu queria de você. Queria saber como é você acordando, você dormindo. Como eu queria ver você tomando banho, lavando o rosto e passando desodorante. Pode ter certeza, eu já imaginei tudo isso, nesse três anos que nos separam. E sabe o que me deixa mais triste? Porque você deixou ela saber dessas coisas, coisas que você não me mostrou. Dói, só eu sei como está doendo. 
O que você estaria fazendo nesse momento? Será que está jantando com os pais dela? Será que está comendo-a ou apenas deitado em seu quarto querendo descansar? Ai, como eu queria saber o que você anda fazendo e que não mostra nas fotos do facebook. Faz um favor pra mim? Entra mais no MSN, só pra eu ver sua carinha lá e me segurar para não apertar o enter. Me dá mais emoção. Me faz sentir de novo que você é meu. Na ultima vez que conversamos a gente estava bem. Faz o que? 1 mês? E agora esse troço. Esse aperto no meu peito que não sai, não sai. 
Eu disse que não queria ser uma pedra no caminho de vocês? Na verdade isso é tudo que eu queria. 
Marcela Lopes

Eu e os homens.



Sabe quando você assiste a um filme e depois passa horas meditando, pensando se fosse com você, sofrendo das dores dos personagens? Então, esse é um desses momentos.
Sempre choro com romances, sempre não, acho que desde a puberdade. Quando comecei a sofrer por amores não concretizados. Sendo assim, quando olhei a capa do DVD sabia que era melhor não assistir. Eu já me deitei pensando em escrever algo, imagina depois de cenas românticas, lágrimas alheias (ou não), abraços de reencontros, e aquele blábláblá todo... Agora tô aqui, chorando uma dor que, por incrível que pareça, é tão minha que nem sei. Eu poderia falar que é raro me encontrar nesse tipo de filme; não sou do tipo mulherzinha, romantiquinha, tudo “inha”, entende? Mas de fato sempre me encontro. Sempre gostei de ser o lado da forte da corda, para que esta nunca arrebente do meu lado. Mas eu gostar não quer dizer que eu seja. Posso fingir, podem acreditar, mas quanto mais filmes românticos eu vejo, mais pro lado fraco da corda vou me arrastando. Talvez eu esteja quase me pendurando na ponta. Já nem sei mais, quantos textos falando que sou forte eu fiz, talvez não mais do que os que escrevi afirmando ser fraca. Estranho isso não é? A gente ser forte na hora que deveria ser fraco e ser fraco quando deveríamos ser fortes... Acho que é isso que vem me tocado esses dias.
Tô tão dependente do meu namorado, tô ridícula, correndo atrás, falando igual criança e essas coisas de gente “inha”. É bom, é confortável, mas será que sou eu? Até ele duvida. Duvidam. Mas mesmo com toda essa carência desnecessária, eu ainda penso em acabar com tudo, penso em ficar só, cuidar da minha vida, colocar as coisas no lugar. Acho que faz muito tempo que não conheço gente nova. Claro, comecei a faculdade agora, conheci um trilhão de pessoas legais, mas todos entenderam que quando digo conhecer, digo CONHECEEEEER mesmo. Acho que foi nesse ponto em que me encontrei no mocinho do filme. Preciso abandonar tudo, conhecer pessoas novas, me apaixonar por uma, duas, vinte pessoas e depois descobrir que nenhuma daquelas era a certa e ai sim voltar e dizer que independente de eu ter voltado eu não quero mais viver de passado. Quando digo passado me refiro a tanta gente... Me dá vontade de enumera-los, sabe? Só pra ficar bem explicito mesmo. Mas também não quero ofender.
Sabe isso tudo que acabei de dizer, sobre não viver no passado. Por um lado é verdade. Mas tem um lado, um lado alto, bonito, barbudo e gordo que pode não ser. Tá dando pra entender minha confusão? Queria me livrar do presente e do passado, mas não dele. Queria que ele fosse meu futuro.  Tenho pensado tanto nele que tenho medo de trocar o nome das pessoas que converso pelo dele, é sério. Tenho pensado tanto nele que quando fecho os olhos eu o vejo, fechando ao meu lado. Falei com uma nova amiga minha que foi só conversar com ele e tudo tinha passado, que eu tinha ficado bem. E tinha, mas agora já nem sei. Agora voltou e eu mais uma vez só penso em conversar com ele... De novo. Poxa, a ultima recaída demorou nove meses e agora apenas dias. Ainda está bom, quando eu começar a ter que falar com ele de hora em hora é que complica, ele enjoa, fala as mesmas frases feitas (que pega na internet) de sempre e a gente se afasta. Mas entre esse recomeço e fim, eu sofro.
Poderia dizer que sofro como nunca, mas na verdade eu sofro como sempre. Faz nove meses que namoro e o problema é esse, o tempo. O mesmo tempo, famoso por cicatrizar feridas a acalmar corações. Quando começa a durar, a se estabilizar, normalizar, eu me lembro dele. E sei exatamente o porquê. Não faz muito tempo que descobri, mas agora eu sei. O que acontece é que com ele nunca vira rotina, é sempre novo, lindo, misterioso, escuro, profundo, complicado, embaraçoso e todos esses adjetivos que instigam qualquer mulher. Talvez seja esse o segredo dele. Se eu posso dizer, esse é o meu. Não fica bem para uma mulher amar dois homens. Ele sabe que nunca liguei com o que me ficava bem. Não por isso, mas eu não o amo. Eu amo meu namorado e só. O que ele tem de mim não é amor, ele diz que é, mas sabe que no fundo o que ele tem é apenas metade de mim. Talvez porque nunca fomos nossos por inteiro. Sempre nos entregando pela metade, sempre na defensiva, sempre nos beijando escondido, sempre só na rapidinha, sempre preferindo os amigos, sempre nos deixando pra mais tarde, para anos até.
Amigos de longa data me dizem que o que falta pra nós é resolver. Sair do meio do caminho, para ai sim decidir se vamos seguir juntos ou abrir a passagens para que outras pessoas  entrem. Antes disso, tudo que iremos ter em matéria de relacionamentos vai ser pela metade. Justamente porque metade minha é dele e metade dele é minha. (Sabe essa namorada que ele está agora? Então, avisa que é só metade.) Já falei tantas vezes em meus textos sobre pendencias, mas acho que nunca tinha conseguido explicar de forma tão convincente o que realmente acontece. Agora entendem, né? É por isso que no fim do filme parece que todo mundo tinha acabado bem menos o mocinho, ele foi se entregando em pedaços pelo meio de seu caminho e no fim as pendencias ficaram demais.
Não queria citar o fim do filme, onde ele encontra uma desconhecida e tudo parece dar certo. Não vai chegar ninguém do nada na minha vida e me fazer esquecer. Como sei disso? Eu já tentei. Namorei um ano e meio, e dessa vez já são nove meses. A minha metade ainda está lá, abraçada com ele embaixo de seu edredom. Não queria, mas falar isso me fez sentir uma vontade de estar lá por inteiro.
Marcela Lopes
P.S: O filme é: Eu e as Mulheres. Com a Kristen Stewart. Bom.