Me pego a imaginar a gente
viajando mundo a fora. É estranho, porque sempre imaginei viver essas minhas
aventuras sozinhas... Você sabe disso. Mas,
quais seriam as aventuras que você gostaria de viver? Nunca conversamos a
respeito. O fato é que nunca conversamos sobre você. É sempre sobre mim; eu,
eu, eu. Você gosta de me ouvir, gosta das horas em que passamos nus; com você
abraçado à minha bunda, me ouvindo contar sobre tudo que já fiz e tudo que
ainda tenho vontade de fazer. Mas e você?
Imagino o que você estaria fazendo nesse exato momento, como você
diverte-se, sobre o que conversa com seus amigos, o que você bebe... Qual sua essência
de narguilé preferida, o lugar do mundo inteiro onde você gostaria de estar,
qual é seu ídolo, a música da sua vida, a história da sua vida, a mulher da sua
vida. Seria eu? Bem que eu poderia ser.
Não me esqueço de você falando
como você me acha interessante e linda, e como você não consegue me olhar sem
imaginar loucuras. Pois eu te olho e... Gostaria de imaginar tais loucuras, mas
imagino calma. Mas uma calma boa e quente. Um aconchego. Gosto de como você de
deixa bem depois do sexo. Gosto de como você me deixa livre, mas não
completamente solta. Gosto de ser sua amizade colorida, no meu tempo isso se
chamava pau-amigo. Mas, ei, eu não consigo ficar com mais ninguém. Eu só penso
em você, é verdade.
Não queria atrapalhar meus
planos, nem os seus (se eu soubesse quais são). Acontece que eu penso demais,
sempre fui assim. E você diz que também pensa. Eu não sei se acredito, mas se
isso for verdade, acho que você é novo demais para pensar. Quando decidimos
arriscar, decidimos não pensar, não sei se você se lembra, e naquele momento eu
realmente não pensei. Você pensou? Fico feliz por você dizer que não se
arrepende de nada. Eu também não. Você foi “a coisa mais importante que já me
aconteceu nesse momento, em toda a minha vida”, e eu não tenho explicação
melhor que essa.
Más línguas dizem que estamos
apaixonados, mas é aquela história, enquanto as más línguas falam de mim, as
boas percorrem o meu corpo. Eu definitivamente não estou apaixonada, mas eu
definitivamente gosto de você. Gosto da situação, gosto do jogo, gosto da
loucura, gosto do ontem não/hoje sim/amanhã talvez. Gosto de te dar esse prazer
que você não conhecia e que ainda vai conhecer. Gosto do seu ser branquinho e
sem nenhuma cicatriz (na pele e na alma), para compensar minhas inúmeras marcas
da vida, gosto das suas poucas e bem localizadas gordurinhas, gosto daquelas
suas cuecas samba-canção que você nunca usou, gosto do seu boné “abarreta”, de
quando você tenta pagar de skatista, gosto de você tocando e cantando: “How long,
how long...”, gosto das promessas e apostas (inúmeras apostas), gosto do seu
cheiro de sabonete íntimo da Chanel, mas acima de todas as coisas, gosto da sua
independência.
Gostei de você desde a primeira
coisa em comum que descobrimos ter (quase tudo), gosto das pessoas acharem que
você é demais para mim e vice-versa, porque sabemos o que as pessoas falam.
Gosto de você careca, mas estou morrendo de vontade de te conhecer de outra
forma (apesar de ter medo de você ficar um gato e todo mundo te querer), gosto
de fazer as coisas que você não gosta. Gosto de fazer você fazer coisas que não
gosta, mas sei que faz porque gosta de mim, gosto de saber que você gosta de
mim, e você gosta, eu sei que sim.
Então, como já fizemos outras
vezes, vamos agir sem pensar, vamos sofrer as consequências... Fica aqui agora,
namora comigo, prometo fazer o casamento em Brasília.
Marcela Lopes
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