Estou
a meses tentando uma coisa e não consigo; organizar as ideias. Parei para
pensar e assim estou desde novembro. Minha cabeça já dói e eu estou cansada
demais para reagir. Percebi que não escrevo nada há tanto tempo... Pode ser que
isso me ajude nesse momento, já que não tenho ninguém para conversar a não ser
eu mesma. Talvez quando chegar ao final desse texto você já esteja tão perdido
quanto eu, ou, quem sabe lendo-o, você entenda e assim me ajude.
Não conseguirei seguir pela ordem
cronológica dos fatos. Nem me lembro mais o que veio antes, o que veio depois.
Na verdade, não estou muito preocupada com o que virá também não...
Nunca
gostei muito de citar nomes nos meus textos, apesar de gostar de me expor.
Sério, eu tenho essa mania... Não devia, mas tenho. Já disse tantas vezes as
tantas pessoas que: o que eu tenho vergonha de contar, eu simplesmente não
faço. Quanta mentira. Faço tantas coisas de que me envergonho, penso tantas coisas
que não devia... E conto.
Tem
um cara, que fique aqui conhecido por “M”. Acho que é fase, passa. Mas ainda
não passou. Ele me disse: Você é “dessas” que contam? Eu respondi que não. Mas
ele sabia, ele sempre soube que não daria para esconder. Ele diz que eu sou
louca. Talvez eu concorde.
Tem
outro cara, vou dizer “L”. Adjacente. Poderia dizer aleatório, mas não.
Adjacente se encaixa melhor. É aleatório, mas está perto o suficiente. Ele diz
que eu não sei o que eu quero. E eu, eu fico impressionada como as pessoas me
conhecem tão fácil... Uma vez eu fiz um texto, falando que eu sou casca. Sou
isso que vocês vêem/lêem. Não tenho nada de profundo, oculto dentro de mim. Eu
sou isso que aparento ser no momento, eu estou sentindo isso. Por dentro, por
fora, é sempre igual. Alguém ainda acredita nisso?
Me
aconteceu uma coisa que talvez prove. Eu estava feliz, rindo, divertindo,
bebendo, fumando, conversando, talvez nem pensando. Quem me olhasse naquele
momento diria: Nossa, a Marcela Lopes (uma coisa que eu não entendo/gosto é
isso, eu ser a Marcela Lopes e não simplesmente a Marcela...) é sempre tão
feliz! Poucas pessoas já me viram triste, e mesmo que viram, poucas deram
atenção. Então estava eu, até me cansar e sentar um pouco. Veio a mim um amigo
de longas datas, “R”. Eu nunca fui muito supersticiosa, ele sabe. Sou ateísta
desde que penso e nunca fui muito de crendices. Eu sentada, ele olhando para
mim de pé com um filtro dos sonhos pendurado no pescoço. Ele, com certa
dificuldade o tira do pescoço, arreda meu cabelo e o coloca em mim. Eu parada,
olhando para cima, para aquela cena, com os olhos cheios de água (eu já tinha
entendido), não cogitei soltar nenhuma palavra. Ele disse: “Eu sei que você não
acredita nessas coisas, mas acho que você está precisando.” Fiquei devendo um abraço,
agora que parei para pensar.
É
tão bonito isso, eu realmente precisava/preciso. Não de um amuleto, mas de
amigos. Voltando para a adjacência do “L”, ele disse que eu quero pagar demais
de autossuficiente. Eu? Logo eu que sou a pessoa mais carente que conheço.
Preciso demais de pessoas, é um defeito gigantesco meu. Como um dominó, esse
meu defeito me traz dezenas de outras “pequenas” tristezas. Eu me apego demais,
eu dou valor demais, eu quero fazer feliz demais, e eu quero só para mim.
Pessoas. A coisa que mais me intriga e atrai nesse mundo. Quero todas, quero
entender todas, quero ter todas, quero saber de todas, quero ser de todas,
quero ouvir todas e falar com todas também. Não que não me faça bem esses
momentos de solidão. Mas pessoas são a minha salvação. Eu vivo para isso e por
isso. Eu estou aqui agora porque tive pessoas que me conduziram. Eu chegarei a
algum lugar por terei alguém para me alertar antes que eu pegue o caminho
errado. Ou não? E se não aparecer ninguém nesse momento? E se aparecer alguém
para me levar para o caminho oposto?
Vejo-me
em situações ultimamente em que jurei para mim e para certas pessoas nunca me
colocar. Me encontro cercada de pessoas tão diferentes de mim e que de certa
forma não me acrescentam em nada. Eu tento sair. Tenho uma filosofia que aplico
a quase tudo, claro, posso estar errada. Talvez essa minha filosofia seja só
uma maneira de amenizar as coisas, disfarçar os erros, fingir, não assumir. O
fato é que digo para mim mesma: Só de eu saber o que é certo eu já estou
errando menos. Deu para entender? Só de eu tentar sair do problema, tentar resolve-lo,
já é um começo. Então o “L” me diz que eu só vou parar de errar (em geral
mesmo) quando eu parar de tentar e realmente agir. Dói ele estar certo. Dói eu
querer mentir para mim mesma falando que estou acertando por estar tentando,
quando realmente vou acertar apenas quando conseguir. Tentar não é conseguir. E
será que eu estou realmente tentando?
Tenho
uma coisa perigosa demais dentro de mim. Uma vontade que vem arrebatadora,
incontrolável. De mudança. De desaparecer e depois reaparecer diferente.
Acontece é que já fiz isso demais na minha vida e agora parece que se esgotaram
as possibilidades de mudança. Parece que não tem mais jeito para mim a não ser
continuar assim. Ou não continuar de forma alguma. Tenho pensado... Quanto mais
eu mudo meu jeito de pensar, agir, ser, mais eu me aproximo da catástrofe que é
ser quem eu realmente sou. Fiquei quieta, trancada dentro de mim por quase 4
anos até agora reaparecer. Voltou a Marcela Lopes que Bambuí conhecia. E tenho
um pouco de vergonha disso... Vergonha de ter rodado tanto e voltado igual.
Preciso parar.
Eu
sei, parece que me acho quando eu falo: Marcela Lopes. Mas é que é tão
diferente... É tão bom ser em BH a Marcela, que Marcela? Não sei. É tão bom
conhecer pessoas novas e essas não saberem nada sobre mim também e assim a
gente se conhecer mutuamente. Sem pressão entende? Sem o peso, a bagagem do
nome. Sem medo também. Sem medo de mostrar quem eu realmente sou. Afinal, a
Marcela Lopes tem um nome a zelar. Ela é durona, é decidida, sabe o que quer, é
livre, feliz, cercada de “amigos”, de homens, tem o que e quem ela quer, corajosa,
não aceita desaforo. A Marcela não, a Marcela é solitária, é triste, muito
confusa, medrosa, preguiçosa e sem um pingo de esperança na vida. NÃO. Eu não
tenho duas caras, eu não sou falsa com ninguém a não ser comigo mesma. Eu
simplesmente não consigo manter a Marcela Lopes na ativa por muito tempo.
Assim, ela vai embora. Com/como as pessoas que ela trouxe. Vou-me eu e fico eu. Marcela. Até o dia que
“a outra” resolva não caber mais dentro de mim e exploda. É como se fosse uma
droga, entorpecente. Não vejo nada, não sinto nada, não faço nada, só aproveito
o momento.
“M”
diz que eu tenho que viver mais o momento. Depois diz que não posso esquecer o
futuro. Ainda diz para deixar o passado no passado. Talvez ele esteja na mesma
situação que eu, confuso. Talvez ele seja o único que tem conseguido ver a Marcela
além da casca. E o que é pior que isso: ele talvez seja a casca mais difícil de
romper que me apareceu por esses caminhos. Sim, ele já deixou algumas coisas
transparecerem contra a luz. Mas tá tudo tão lá dentro dele. Você sabe, já
manifestei aqui meu vício em pessoas. Preciso conhecê-lo o mais profundo que eu
conseguir antes de deixa-lo ir. Ou melhor, antes de eu ir. Talvez, se
dependesse dele, ele já estivesse ido para longe o suficiente. É só... É só que
eu me importo com ele mais do que eu deveria. Pela primeira vez, não quero ele
só para mim, eu apenas queria ser dele. Queria ver o que ele faria comigo e a
que caminhos me levaria. Eu que já fui e voltei tantas vezes, já não me
preocupo mais em ficar perdida. Só queria entender suas profundidades como ele,
sem perceber, conseguiu entender as minhas.
Parece
que me lembro de coisas que nem vivi. Nessa de expor meus defeitos, está ai
mais um: sonhar demais e achar que sonho é realidade. Sonho é teoria, realidade
é pratica. O triste é que eu sei, eu sei que na “vida real” as coisas fluem
diferentes. Mas ao mesmo tempo é triste eu só conseguir me livrar dos sonhos se
esses se concretizarem.
Você
pode não ter entendido nada que eu disse nesse ultimo parágrafo, mas é que
estou com um medo real. Medo do “M” ser o meu novo “F”. Tá tudo tão igual. E
demorou tanto parar que passasse. Não deveria voltar. Casos inacabados: os que
prendem todo ser humano. Pendencias. Foi assim com o “F” e eu não vou, juro que
não vou deixar acontecer de novo. Eu só precisava correr atrás do “M”, puxa-lo
pelo braço e dizer: “Vamos por outro caminho?”. Essa é a única forma de eu não
continuar o seguindo, de moita em moita, pela estrada que ele escolheu.
Mas
vamos parar de falar disso. Vamos falar de coisa boa?
(Pausa
para segurar o filtro dos sonhos junto ao peito...)
Vai
aparecer uma coisa boa... Tomara que seja a tempo.
Não
queria terminar esse falatório todo falando de amor, casos, sei lá. Por que
esse não é meu real problema. Eu sei que não é. Mas não me pergunte qual seria
esse então... Eu já tentei tanto. Já chorei, conversei, escrevi, li, pesquisei.
Eu não estou/sou bem. Nunca fui! Eu aqui, me virando do avesso para você que
nem conheço. Achando que no fim você iria dizer umas poucas palavras que me
fariam pensar e assim chegar a conclusões, abrir meus olhos e cabeça para
realidade. Eu te pagaria a consulta e iria embora. Como se adiantasse. Como se
eu já não tivesse tentado. Pensando em colocar um ponto final, vai ser agora.
Marcela Lopes
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