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terça-feira, 3 de junho de 2014

REHAB



Estou a meses tentando uma coisa e não consigo; organizar as ideias. Parei para pensar e assim estou desde novembro. Minha cabeça já dói e eu estou cansada demais para reagir. Percebi que não escrevo nada há tanto tempo... Pode ser que isso me ajude nesse momento, já que não tenho ninguém para conversar a não ser eu mesma. Talvez quando chegar ao final desse texto você já esteja tão perdido quanto eu, ou, quem sabe lendo-o, você entenda e assim me ajude.
         Não conseguirei seguir pela ordem cronológica dos fatos. Nem me lembro mais o que veio antes, o que veio depois. Na verdade, não estou muito preocupada com o que virá também não...
Nunca gostei muito de citar nomes nos meus textos, apesar de gostar de me expor. Sério, eu tenho essa mania... Não devia, mas tenho. Já disse tantas vezes as tantas pessoas que: o que eu tenho vergonha de contar, eu simplesmente não faço. Quanta mentira. Faço tantas coisas de que me envergonho, penso tantas coisas que não devia... E conto.
Tem um cara, que fique aqui conhecido por “M”. Acho que é fase, passa. Mas ainda não passou. Ele me disse: Você é “dessas” que contam? Eu respondi que não. Mas ele sabia, ele sempre soube que não daria para esconder. Ele diz que eu sou louca. Talvez eu concorde.
Tem outro cara, vou dizer “L”. Adjacente. Poderia dizer aleatório, mas não. Adjacente se encaixa melhor. É aleatório, mas está perto o suficiente. Ele diz que eu não sei o que eu quero. E eu, eu fico impressionada como as pessoas me conhecem tão fácil... Uma vez eu fiz um texto, falando que eu sou casca. Sou isso que vocês vêem/lêem. Não tenho nada de profundo, oculto dentro de mim. Eu sou isso que aparento ser no momento, eu estou sentindo isso. Por dentro, por fora, é sempre igual. Alguém ainda acredita nisso?
Me aconteceu uma coisa que talvez prove. Eu estava feliz, rindo, divertindo, bebendo, fumando, conversando, talvez nem pensando. Quem me olhasse naquele momento diria: Nossa, a Marcela Lopes (uma coisa que eu não entendo/gosto é isso, eu ser a Marcela Lopes e não simplesmente a Marcela...) é sempre tão feliz! Poucas pessoas já me viram triste, e mesmo que viram, poucas deram atenção. Então estava eu, até me cansar e sentar um pouco. Veio a mim um amigo de longas datas, “R”. Eu nunca fui muito supersticiosa, ele sabe. Sou ateísta desde que penso e nunca fui muito de crendices. Eu sentada, ele olhando para mim de pé com um filtro dos sonhos pendurado no pescoço. Ele, com certa dificuldade o tira do pescoço, arreda meu cabelo e o coloca em mim. Eu parada, olhando para cima, para aquela cena, com os olhos cheios de água (eu já tinha entendido), não cogitei soltar nenhuma palavra. Ele disse: “Eu sei que você não acredita nessas coisas, mas acho que você está precisando.” Fiquei devendo um abraço, agora que parei para pensar.
É tão bonito isso, eu realmente precisava/preciso. Não de um amuleto, mas de amigos. Voltando para a adjacência do “L”, ele disse que eu quero pagar demais de autossuficiente. Eu? Logo eu que sou a pessoa mais carente que conheço. Preciso demais de pessoas, é um defeito gigantesco meu. Como um dominó, esse meu defeito me traz dezenas de outras “pequenas” tristezas. Eu me apego demais, eu dou valor demais, eu quero fazer feliz demais, e eu quero só para mim. Pessoas. A coisa que mais me intriga e atrai nesse mundo. Quero todas, quero entender todas, quero ter todas, quero saber de todas, quero ser de todas, quero ouvir todas e falar com todas também. Não que não me faça bem esses momentos de solidão. Mas pessoas são a minha salvação. Eu vivo para isso e por isso. Eu estou aqui agora porque tive pessoas que me conduziram. Eu chegarei a algum lugar por terei alguém para me alertar antes que eu pegue o caminho errado. Ou não? E se não aparecer ninguém nesse momento? E se aparecer alguém para me levar para o caminho oposto?
Vejo-me em situações ultimamente em que jurei para mim e para certas pessoas nunca me colocar. Me encontro cercada de pessoas tão diferentes de mim e que de certa forma não me acrescentam em nada. Eu tento sair. Tenho uma filosofia que aplico a quase tudo, claro, posso estar errada. Talvez essa minha filosofia seja só uma maneira de amenizar as coisas, disfarçar os erros, fingir, não assumir. O fato é que digo para mim mesma: Só de eu saber o que é certo eu já estou errando menos. Deu para entender? Só de eu tentar sair do problema, tentar resolve-lo, já é um começo. Então o “L” me diz que eu só vou parar de errar (em geral mesmo) quando eu parar de tentar e realmente agir. Dói ele estar certo. Dói eu querer mentir para mim mesma falando que estou acertando por estar tentando, quando realmente vou acertar apenas quando conseguir. Tentar não é conseguir. E será que eu estou realmente tentando?
Tenho uma coisa perigosa demais dentro de mim. Uma vontade que vem arrebatadora, incontrolável. De mudança. De desaparecer e depois reaparecer diferente. Acontece é que já fiz isso demais na minha vida e agora parece que se esgotaram as possibilidades de mudança. Parece que não tem mais jeito para mim a não ser continuar assim. Ou não continuar de forma alguma. Tenho pensado... Quanto mais eu mudo meu jeito de pensar, agir, ser, mais eu me aproximo da catástrofe que é ser quem eu realmente sou. Fiquei quieta, trancada dentro de mim por quase 4 anos até agora reaparecer. Voltou a Marcela Lopes que Bambuí conhecia. E tenho um pouco de vergonha disso... Vergonha de ter rodado tanto e voltado igual. Preciso parar.
Eu sei, parece que me acho quando eu falo: Marcela Lopes. Mas é que é tão diferente... É tão bom ser em BH a Marcela, que Marcela? Não sei. É tão bom conhecer pessoas novas e essas não saberem nada sobre mim também e assim a gente se conhecer mutuamente. Sem pressão entende? Sem o peso, a bagagem do nome. Sem medo também. Sem medo de mostrar quem eu realmente sou. Afinal, a Marcela Lopes tem um nome a zelar. Ela é durona, é decidida, sabe o que quer, é livre, feliz, cercada de “amigos”, de homens, tem o que e quem ela quer, corajosa, não aceita desaforo. A Marcela não, a Marcela é solitária, é triste, muito confusa, medrosa, preguiçosa e sem um pingo de esperança na vida. NÃO. Eu não tenho duas caras, eu não sou falsa com ninguém a não ser comigo mesma. Eu simplesmente não consigo manter a Marcela Lopes na ativa por muito tempo. Assim, ela vai embora. Com/como as pessoas que ela trouxe.  Vou-me eu e fico eu. Marcela. Até o dia que “a outra” resolva não caber mais dentro de mim e exploda. É como se fosse uma droga, entorpecente. Não vejo nada, não sinto nada, não faço nada, só aproveito o momento.
“M” diz que eu tenho que viver mais o momento. Depois diz que não posso esquecer o futuro. Ainda diz para deixar o passado no passado. Talvez ele esteja na mesma situação que eu, confuso. Talvez ele seja o único que tem conseguido ver a Marcela além da casca. E o que é pior que isso: ele talvez seja a casca mais difícil de romper que me apareceu por esses caminhos. Sim, ele já deixou algumas coisas transparecerem contra a luz. Mas tá tudo tão lá dentro dele. Você sabe, já manifestei aqui meu vício em pessoas. Preciso conhecê-lo o mais profundo que eu conseguir antes de deixa-lo ir. Ou melhor, antes de eu ir. Talvez, se dependesse dele, ele já estivesse ido para longe o suficiente. É só... É só que eu me importo com ele mais do que eu deveria. Pela primeira vez, não quero ele só para mim, eu apenas queria ser dele. Queria ver o que ele faria comigo e a que caminhos me levaria. Eu que já fui e voltei tantas vezes, já não me preocupo mais em ficar perdida. Só queria entender suas profundidades como ele, sem perceber, conseguiu entender as minhas.
Parece que me lembro de coisas que nem vivi. Nessa de expor meus defeitos, está ai mais um: sonhar demais e achar que sonho é realidade. Sonho é teoria, realidade é pratica. O triste é que eu sei, eu sei que na “vida real” as coisas fluem diferentes. Mas ao mesmo tempo é triste eu só conseguir me livrar dos sonhos se esses se concretizarem.
Você pode não ter entendido nada que eu disse nesse ultimo parágrafo, mas é que estou com um medo real. Medo do “M” ser o meu novo “F”. Tá tudo tão igual. E demorou tanto parar que passasse. Não deveria voltar. Casos inacabados: os que prendem todo ser humano. Pendencias. Foi assim com o “F” e eu não vou, juro que não vou deixar acontecer de novo. Eu só precisava correr atrás do “M”, puxa-lo pelo braço e dizer: “Vamos por outro caminho?”. Essa é a única forma de eu não continuar o seguindo, de moita em moita, pela estrada que ele escolheu.
Mas vamos parar de falar disso. Vamos falar de coisa boa?

(Pausa para segurar o filtro dos sonhos junto ao peito...)

Vai aparecer uma coisa boa... Tomara que seja a tempo.
Não queria terminar esse falatório todo falando de amor, casos, sei lá. Por que esse não é meu real problema. Eu sei que não é. Mas não me pergunte qual seria esse então... Eu já tentei tanto. Já chorei, conversei, escrevi, li, pesquisei. Eu não estou/sou bem. Nunca fui! Eu aqui, me virando do avesso para você que nem conheço. Achando que no fim você iria dizer umas poucas palavras que me fariam pensar e assim chegar a conclusões, abrir meus olhos e cabeça para realidade. Eu te pagaria a consulta e iria embora. Como se adiantasse. Como se eu já não tivesse tentado. Pensando em colocar um ponto final, vai ser agora.

Marcela Lopes

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