Meu papel de parede do notebook e a capa de Dark
Side of The Moon do Pink Ployd. Decidi que hoje vou falar sobre você. Tá certo,
você já ouviu demais, está cansado de acusações, definições e jogos. Mas ainda
está para nascer o homem que vai me impedir de falar.
Não me lembro ao certo em que circunstâncias nos
conhecemos. Lembro que foi em 2010, talvez 2009. Lembro que eu ainda nem sabia
que faculdade queria fazer e você já fazia cursinho. Olhando para nós hoje nem
parece que você é 4 anos mais velho que eu.
Você era gordinho e lindo. Eu achava e minhas amigas também. Eu já
pensava em te querer, mas não podia. Tinha aquele seu amigo lá, que era, pelo
menos falava que sim, apaixonado por mim. E tinha aquela minha amiga, que se
não era apaixonada, era doida com você.
O tempo passou, e como passou. Nunca mais tive
notícias suas. Sabia que você namorava e que ela não te merecia, mas juro não
saber quando ou quem me disse isso. Ouvi seu nome umas poucas vezes da boca do
meu ex-namorado, vocês eram colegas de escola, uma coisa assim. Me lembro
quando você fez sua tatuagem, mas não claramente. Não imaginava como você
estaria depois de tanto tempo, nem me lembrava do seu rosto, sua voz, seu
jeito, de você.
Então eu terminei. E você também, mas eu não sabia.
Terminei e estava sozinha. Sozinha o suficiente para pegar carona com um cara
que tenho nojo e ir para Bambuí encontrar uma pessoa que “conheci” pela
internet. Quem diria, mas sim. Cheguei lá e essa pessoa não estava. Mas tinha
outra, uma que eu já conhecia e já me agradava. Saímos. Uma amiga foi junto.
Ficamos e ela disse: -Ele é a cara do Zé Manco. Falei: -PQP, nem sei a cara
dele. Passou.
Passaram semanas, eu continuei péssima, mas estamos
aqui para falar sobre você. Larguei a faculdade, juntei umas malas e fui fugir
da realidade em Bambuí. Combinei com o Will de irmos a uma festa na República
Katapulta. Ele então me manda uma foto do Lucas, queria saber o que eu achava
da roupa dele. O Will sempre foi muito gay. Olhei a foto e pensei: “Nossa, que
gatinho. Lembro que uma vez eu cumprimentei ele na rua achando que era o
Matheus (ri sozinha). Vou ficar com ele na festa, porque não?” Puxei papo com
ele no facebook, ele claro, achou que eu era louca. Ele claro, gostou.
Cheguei na festa, olhei para ele, olhei para minhas
amigas e disse: -Vou pegar o irmão do Manquinho. Até então você era o Manquinho
e ele o Irmão do Manquinho. Ele nunca teve nome e isso o mata de raiva. Umas
disseram para ficar, outra disse: - Nossa você já viu o Manquinho? Ele tá um
gato. Eu disse: - Mas ele casou. Mas se engana quem acha que fiquei com ele.
Dei uns selinhos e saí. Não sei porque, não bateu. Ele achou ruim, mas nunca
liguei. Então aquela minha amiga de outro dia disse: -Mas seu carma é o
Manquinho em? Todo menino que você fica parece com ele. Eu ri, e falei que ela estava
ficando doida, nem pensei muito no assunto.
No outro dia, eu chamei o Lucas no facebook e eu
mesma peguei o telefone dele. Salvei no meu celular: Mankinho Baby e continua
assim até hoje. Ele pegou o meu e começamos a conversar e ficamos. Nem sabia de
você. Até aquele dia na casa do Fred... Chamei ele para ir, a Noelle disse:
-Vamos! Seu irmão deve estar lá, porque o Pontinho tá. Olhei para ela com uma
cara de: que que tem a ver? Ele disse que não. Falei no ouvido da Noelle: -Vai
que eu confundo. Ela riu e disse para eu não falar isso para o Lucas. Chegamos
lá e você realmente estava. Me lembro bem. De bermuda, blusa da Abercrombie e
chinelo. Lindo, não minto. Noelle disse: -Olha ai, te disse que o Matheus era
mil vezes mais bonito, cuidado para não confundir em? Rimos. Mandei mensagem no
celular do Lucas: “Seu irmão tá aqui mesmo, anem, falei para você vir.” O
celular vibrou ~ Mankinho Baby ~: “Cuidado para não confundir, em? RS.” Noelle
e eu rimos mais uma vez. De fato rimos muito esse dia. Era gente demais falando
para eu não confundir. E eu te olhava. E não conseguia parar de te olhar. E de
rir. E eu queria confundir. E eu queria que você também quisesse. E você me
olhava que eu vi. E eu com medo de você chegar no Noelle. Ao mesmo tempo
pensando que seria bom se vocês ficassem para eu parar de pensar. E eu pensei
nisso tudo aquele dia. E eu não tive mais paz.
Eu não conseguia mais parar de pensar em você. A
cada segundo eu só pensava em largar do Lucas e ficar com você. Mas e meu bom
senso? Eu sabia que você nunca iria ficar comigo se eu largasse. Menos ainda se
eu continuasse. E eu já estava ficando louca por outros motivos, só arranjei
mais um. E eu queria você de todas as formas. Eu imaginava a gente. Eu sonhava
nossas transas. Eu te imaginava pelado. E eu nunca comparei você com seu irmão.
Eu só queria ficar perto de você. Poder sentir seu cheiro, mesmo que estivesse
de mãos dadas com o Lucas.
E ele sabia. A gente sente essas coisas. Ele sempre
soube. E não pense que ele não sabe que a gente ficou, porque ele tem certeza.
Eu nunca disse, acho que você também não, mas ele sabe. Ele via como eu te
olhava, todo mundo via. Você sabia que eu te queria, e você me queria que eu
também sabia. E eu falava para minhas amigas, que eu não estava aguentando. E
eu larguei dele. Mas eu estava/estou/sou carente e voltei. Ele disse que eu sou
louca. Ele sempre fala essas verdades. Mas quando te vi na festa a fantasia...
Me lembro como se fosse hoje. Você, jogando seu charme para cima da Tayenne e
eu querendo que fosse para mim. Você estava de calça jeans, aquela sua pólo
listrada de azul e verde que eu amo e o tênis da Osklen. Você era o projeto de “Playboy
do Alambique” mais gostoso que eu já tinha visto. Eu que queria. Tinha que ser
meu. Era pressão demais. E eu sempre tive tudo que eu quis. E seu irmão mesmo
diz que eu sou A Marcela Lopes. É claro que você seria meu.
Eu joguei. Você sabe disso. Você sempre disse. Eu
joguei sujo com você. Eu menti, eu usei todas as cartas que eu tinha. Eu disse:
- Se eu soubesse que você estava solteiro eu nunca tinha ficado com seu irmão.
E claro, eu falei a verdade. Quis sumir. Como eu pude ter falado isso? Que tipo
de vadia você devia estar pensando que eu era? Você deveria nunca mais ter
olhado na minha cara e contado tudo pro seu irmão. MAS NÃO. Você gostou! Eu
percebi, eu sabia, eu estava ficando doida, mas nem tanto. Você deu uma
risadinha, você ia ficar e conversar mais, mas viu que eu fiquei morrendo de
vergonha. Esse talvez tenha sido o momento mais confuso da sua vida. Você saiu.
Eu quis nunca mais te ver e evitei você pelo resto da noite. Evitei até mesmo
te olhar de longe. Estava com vergonha de mim.
Então você não contou para o seu irmão. Ele quem
perguntou, porque ele sabia que eu tinha dito algo. Eu tinha falado pro Will.
Eu estava bêbada e confusa. E você sabe que eu não sei guardar as coisas para
mim. Então você falou. Fiquei com medo. Você nunca iria ficar comigo mesmo.
Falei para ele que você tinha entendido errado, mas não voltei, claro que não.
Já não era ele que eu queria. A muito tempo eu já não queria, mas agora era de
jeito nenhum. Então teve festa na sua casa. E eu fui, claro que fui, você já me
conhece; eu gosto do estrago.
Eu deveria ter terminado esse texto quando
comecei... Você sabe, a história é mesmo hilária, mas o tempo passou, hoje nem
lembro mais dos fatos, muito menos de você. Ri sozinha ao abrir esse arquivo no
computador, em minha cabeça só se passa uma coisa: Marcela você é podre! RS
Marcela Lopes
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